CARTA DE FOZ DO IGUAÇU

26/08/2024


É com grande satisfação e muito entusiasmo que mais de 400 dirigentes sindicais, lideranças políticas e empresariais, de 19 estados e do Distrito Federal, participaram do Encontro Nacional dos Comerciários e Comerciárias da UGT, realizado nos dias 22 a 24 de agosto de 2024, em Foz de Iguaçu, estado do Paraná.


A UGT – União Geral dos Trabalhadores, é a MAIOR central sindical de trabalhadores e trabalhadoras na área de comércio, bens e serviços, sendo que dos 1.272 sindicatos filiados, 724 sindicatos e federações pertencem a esses segmentos, representando mais de 3.000.000 de trabalhadores.

Estamos percebendo que os tempos modernos nos trazem novos desafios e todos complicados. Nosso encontro foi fundamental para percebermos que estamos passando por um grande tsunami de mudanças.


A chegada do E-Commerce e das Novas Tecnologias, através da Quarta Revolução Industrial, do 5G, da Inteligência Artificial (IA), das Mídias Digitais, das Novas Governanças Ambiental, Social, Corporativa e das novas posturas nas áreas de Saúde e Segurança, exigem percepção, inteligência e muita determinação para enfrentar o atual cenário.


Para encarar esses desafios, temos instrumentos poderosos: SOLIDARIEDADE, INOVAÇÃO, ÉTICA, CIDADANIA e UNIÃO, que fazem parte da nossa UGT, desde a sua fundação.


Vamos usá-los agora para que nossos trabalhadores e trabalhadoras possam garantir seus empregos no presente e no futuro, preparando-os para os avanços tecnológicos, que já estão sendo utilizados por boa parte da economia mundial.


Essa medida demonstra o empenho significativo que temos para a construção de um futuro sustentável. A grande ferramenta aqui é a qualificação e a requalificação profissional. Assim, estaremos concretizando um novo modelo de desenvolvimento profissional para as novas gerações.


Nesse documento aos nossos filiados, assumimos o compromisso de promover o conhecimento e a compreensão da chegada das novas tecnologias, tornando os trabalhadores e trabalhadoras representados pelas nossas entidades aptos para atuar no novo mundo do trabalho.


A inteligência artificial já é uma realidade e precisamos abrir os olhos para suas maravilhas, mas também para os seus perigos. E aqui está um deles: A IA pode executar muitas tarefas melhor do que as pessoas, praticamente a um custo zero. Esse fato simplesmente deve gerar um enorme valor econômico, mas também uma perda de empregos sem precedentes com uma onda de mudanças que atingirá os trabalhadores braçais e os especializados da mesma forma.


Nos debates, os palestrantes afirmaram várias vezes que a IA é uma das maiores revoluções do século XXI. Nas próximas duas décadas, vários de nossos hábitos atuais se tornarão irreconhecíveis. Os trabalhos que correm mais riscos de serem automatizados pela IA tendem a ser os serviços repetitivos e de nível inicial. Essa tendência poderá aprofundar ainda mais a nossa desigualdade e os que são pobres ficarão ainda mais pobres.


Aqui, a luta da UGT e de seus sindicatos filiados será para que as próprias empresas treinem os trabalhadores demitidos, empregando-os em outras posições. Esse movimento deve ser ainda mais necessário em funções do comércio, onde o e-commerce já é uma realidade com novas exigências. Mesmo em lojas físicas, funções como caixas de supermercados ou lojas estão sendo substituídas por ferramentas tecnológicas.


Essas transformações não se restringem ao comércio. Provavelmente, os atendentes de telemarketing, frentistas de postos de combustíveis ou corretores de seguros serão substituídos completamente, conforme especialistas do setor. A distribuição de renda passará de ruim para pior, caso não busquemos alternativas. Esse problema foi analisado nesse encontro e temos que tomar medidas rapidamente para um grande plano de qualificação educacional e profissional.


Os desafios trazidos pela IA poderão reavivar uma velha ideia chamada renda básica universal, na qual os governos oferecem um auxílio para cada cidadão, independentemente da necessidade, emprego ou habilidade. Dinheiro este que poderá ser usado para sobreviver ou fazer cursos e serem treinados nas novas profissões que estão por vir, aliadas às práticas sustentáveis, dentre as quais os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), e as ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa).


O grande desafio da UGT e de seus sindicatos, portanto, será o de se aprofundar nas mudanças que as inovações trarão e apoiar os trabalhadores e suas famílias para que o futuro seja de mais justiça social e democrático, tendo como o ponto central o pacto firmado na Constituição Federal de 1988, onde se diz que “todas as pessoas são iguais perante a lei”.


Um novo sistema de relações do trabalho, através do diálogo entre capital e trabalho é necessário, pois a construção de um projeto com esses atores tende a avançar no congresso nacional, respeitando o negociado e os instrumentos coletivos de trabalho, fruto das decisões soberanas em assembleia da categoria.


Apoiamos e assinamos essa carta dispostos a enfrentar todos os desafios tecnológicos que teremos pela frente, sempre visando o bem de nossos trabalhadores e trabalhadoras no futuro que não virá, ele já se faz presente.

 

Foz de Iguaçu, 22 a 24 de agosto de 2024.