Deflação, pior que inflação?

Ricardo Patah

Presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores - UGT


09/06/2014

Em 4 de Junho o Banco Central Europeu (BCE) baixou a taxa de juros para 0,15%. Bancos que depositaram dinheiro no BCE irão, agora, pagar o preço de 0,1% para deixa o dinheiro sem usar. A razão: medo de deflação. Contrário à inflação controlada que lubrifica as rodas da economia, a deflação freia a economia. Porém, como a inflação descontrolada, deflação é ruim para a economia. As razões principais são: 1. preços em queda levam os consumidores a adiar os gastos do presente para o futuro, levando a uma queda da demanda; 2. demanda em queda coloca ainda mais pressão sobre os preços já em queda, reduzindo vendas e lucros das empresas, consequentemente atingindo investimentos, e aumentando o risco de recessão; 3. os preços caem mas o salários, que são mais rígidos, continuam os mesmos (ou seja, os custos da produção continuam os mesmos), causando o aumento do desemprego. Depois da crise financeira de 2008, EUA, Grã Bretanha e Japão optaram pela "política de juros zero" e injetaram trilhões de dólares, euros e iene na economia para combater o risco de deflação. A Zona do Euro optou pela “política de juros negativos” para pressionar os bancos a colocarem o dinheiro em circulação. Com a decisão de bauixar os juros, o BCE espera conseguir um benefício adicional, uma depreciação do valor do Euro, melhorando, assim, a competitividade dos países membros. A história recente nos ensina a manter um olho no risco de inflação, mas a manter os dois olhos no risco de deflação.

 

Ricardo Patah, presidente Nacional da União Geral dos Trabalhadores