Liquigás pode ser vendida por até R$ 1,5 bi

29/04/2016

A Liquigás, distribuidora e comercializadora de botijão de gás da Petrobrás, começa a receber na semana que vem propostas para a venda de seu controle, apurou o ‘Estado’ com fontes familiarizadas com o assunto. Vice-líder nesse segmento, a companhia é cobiçada pelos seus principais concorrentes. A Ultragaz, do grupo Ultra; a Supergasbrás, do grupo holandês SHV, terceiro do setor; além da Copagaz, do empresário Ueze Zahan, estão entre os principais interessados no negócio, avaliado entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão, segundo apurou o ‘Estado’.

 

A estatal, que está em um amplo processo de desinvestimento, enfrenta dificuldades para se desfazer de seus principais negócios (leia mais abaixo). “A Liquigás é a única operação do grupo que está avançando de forma mais rápida”, disse uma fonte de mercado. O banco Itaú BBA está coordenando esse processo.

 

O Estado apurou que o grupo Ultra tem interesse nos ativos da Liquigás e deverá fazer oferta pelo negócio. Procurado pelo Estado, o Ultra informou, em nota, que a companhia “analisa regularmente oportunidades em seus mercados de atuação”.

 

O mercado nacional de gás de cozinha é concentrado nas mãos da Ultragaz, maior deste segmento, com 23,11% de participação de mercado. A companhia da estatal vem em seguida, com 22,61% de fatia. A Supergasbras tem 20,42% e a Copagaz, em quinto lugar, 8,19%.

 

Em recentes entrevistas concedidas ao Estado, Thilo Mannhardt, presidente do Ultra, e Paulo Cunha, presidente do conselho de administração da companhia, afirmaram que o Ultra tem interesse em ativos da Petrobrás – os principais seriam Liquigás e BR Distribuidora, por causa da sinergia com Ultragaz e Ipiranga (a rede de postos também pertence ao grupo). A Liquigás colocaria o Ultra na liderança isolada do segmento.

 

Fontes afirmaram ao Estado que, se efetivar a compra da Liquigás, o Ultra teria de se desfazer de ativos em Estados onde sua fatia de mercado é maior. “Há poucas sobreposições entre Ultra e Liquigás em alguns Estados”, afirmou uma fonte.

 

Com participação relativamente pequena no setor, a Copagaz também disse ter interesse na Liquigás. Ueze Zahran, presidente do grupo, disse à reportagem que fará oferta pela divisão de gás de cozinha da estatal. No entanto, segundo o empresário, ele deverá se juntar com um grupo de empresas menores que atuam no setor para conseguir fazer uma oferta firme. Zahran não quis informar à reportagem os grupos envolvidos no negócio.

 

Segundo Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a venda da divisão Liquigás faz todo o sentido para a estatal, pois o negócio é o foco principal da petroleira. Ele ressaltou, porém, que este não é o melhor momento para se fechar o negócio, pois o preço de venda não seria atrativo. “Não acredito que a venda seja feita logo, uma vez que há ainda o rito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff”, afirmou.

 

Procuradas pela reportagem, a Supergasbras e Petrobrás não quiseram comentar o assunto.

 

Mais ativos. No caso da BR Distribuidora, o Ultra também tem interesse, mas essa operação ainda está bem longe de ser concluída, apurou o Estado. O Ultra só disporia a comprar o ativo se ele fosse fatiado – as regiões Norte e Nordeste seriam o alvo do conglomerado em distribuição de combustíveis. Em março, Mannhardt afirmou que o Ultra tem interesse em ter 100% de ativos que hoje são da Petrobrás, descartando comprar fatias minoritárias. A BR Distribuidora também teria atraído interesse da canadense Brookfield e do fundo Advent. No entanto, as negociações empacaram.

 

O grupo Cosan, do empresário Rubens Ometto Silveira Mello, que é um dos controladores da Raízen, joint venture com a Shell no setor de combustíveis, também deve analisar ativos da Petrobrás. No entanto, segundo apurou a reportagem com fontes próximas ao grupo, não há interesse da Cosan na divisão de gás de cozinha da estatal. O grupo é controlador da Comgás, maior distribuidora de gás canalizado, com atuação no Estado de São Paulo.

 

Fonte: Estadão