Inflação do aluguel fica acima das expectativas e sobe em 1,69% em junho

30/06/2016

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), normalmente usado para reajustar contratos de aluguel, acelerou de 0,82% em maio para 1,69% em junho, divulgou nesta quarta-feira, 29, a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado do IGP-M de junho ficou acima do intervalo das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pela Agência Estado, que apontavam mediana de 1,49%. A variação acumulada do IGP-M em 12 meses até junho é de 12,21%. No ano de 2016, o indicador acumula alta de 5,91%. 

 

Entre os três indicadores que compõem o IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) saltou de 0,98% para 2,21% na passagem de maio para junho. Na mesma base de comparação, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) desacelerou de 0,65% para 0,33%. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acelerou de 0,19% para 1,52%.

 

Apesar do salto de 1,69%, a alta de preços deve abrandar em julho. Em uma estimativa preliminar, o coordenador do índice e superintendente-adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, prevê que o IGP-M termine o sétimo mês de 2016 abaixo de 1,00%. O pesquisador alerta, no entanto, que a taxa pode ser mais alta que os 0,69% de julho de 2015.

 

"Acredito que o IGP-M tenha atingido o pico em junho. Em julho, começa a ter uma devolução, já que os preços da soja podem ficar mais acomodados", afirmou Quadros.

 

O professor pondera que o processo de diminuição do IGP-M se mostra mais suave do que o observado em outros choques, em parte por causa do vigor das exportações. "O preço dos produtos agrícolas pode cair mais lentamente, porque a demanda externa está mais robusta. As indicações são que as exportações continuem em alta, o que reduz a força de queda do IGP-M", explicou.

 

Por outro lado, o professor aponta uma ajuda adicional à queda do IGP-M em julho pode vir do real mais forte, conforme observado nas últimas sessões. No período de leitura do IGP-M de junho (de 21 de maio a 20 de junho), a taxa de câmbio média foi de R$ 3,51005, queda de apenas 0,34% em relação ao mês de maio.

 

"No IGP de maio, a taxa de câmbio tinha cedido 2,29% e havia ajudado a segurar o índice da disparada da soja. Se confirmado este novo nível do dólar mais baixo, o câmbio pode sair da posição neutra de junho e ajudar a abrandar o IGP-M de julho", afirmou.

 

O professor acredita também que deve haver ajuda adicional da inflação captada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M), que desacelerou de 0,65% em maio para 0,33% em junho.

 

Na passagem de maio para junho, o IPA, teve forte contribuição do grupo Matérias-Primas Brutas, que passou de alta de 2,64% para avanço de 3,66%. No estágio inicial da produção, os principais responsáveis pela aceleração foram a soja em grão (de 12,38% para 14,82%), bovinos (de -2,28% para 0,36%) e suínos (de -5,13% para 16,31%). Na contramão, foi registrada desaceleração nos preços de minério de ferro (de 3,98% para -3,65%), algodão em caroço (de 3,48% para -6,06%) e milho em grão (de 7,93% para 5,65%).

 

O índice referente a Bens Intermediários dentro do IPA saiu de 0,38% para 1,48%. O principal responsável pelo movimento foi o subgrupo materiais e componentes para a manufatura - a taxa de variação passou de 0,71% para 2,79%. O índice relativo aos Bens Finais também registrou aceleração, ao passar de 0,21% em maio para 1,65% em junho. Influenciou no resultado o comportamento do subgrupo alimentos in natura, cuja taxa de variação saltou de 2,30% para 9,96% entre os dois meses. 

 

De acordo com a FGV, entre as maiores influências de alta no IPA de janeiro estão o feijão em grão (de 5,45% para 42,60%), soja em grão (de 12,38% para 14,82%), farelo de soja (de 17,03% para 26,12%), milho em grão (ainda que tenha desacelerado de 7,93% para 5,65%) e batata-inglesa (de 27,34% para 28,48%).

 

Consumidor. Nos preços ao consumidor (IPC), cinco das oito classes de despesa desaceleraram a alta no mês de junho. A principal contribuição partiu do grupo Saúde e Cuidados Pessoais (2,21% para 0,67%). Nessa classe de despesa, o item medicamentos em geral desacelerou a alta de 6,20% para 0,48%.

 

No INCC, o índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,26%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,04%. O índice que representa o custo da Mão de Obra registrou taxa de 2,64%. No mês anterior, este grupo variou 0,32%.

 

Fonte: Estadão