Comerciários denunciam prática antissindical da Nissan

25/07/2016


 

Durante a passagem da tocha olímpica pela capital paulista, neste domingo (24), o Sindicato dos Comerciários de São Paulo e trabalhadores metalúrgicos norte-americanos protestaram contra as práticas antissindicais cometidas pela Nissan do Mississipi, nos Estados Unidos. A empresa é uma das patrocinadoras dos Jogos Olímpicos. 

 

A ação aconteceu em dois pontos da cidade. Primeiro, na Avenida Paulista e, em seguida, e uma das concessionárias da rede, localizada à Avenida Brasil. 

 

“Aproveitar o evento esportivo importantíssimo é uma estratégia para mostrar à sociedade e ao mundo que uma das patrocinadoras dos Jogos Olímpicos esconde um lado desumano. A Nissan, no Mississipi, ameaça os trabalhadores e  não permite que os mesmos se organizem”, disse Josimar Andrade, diretor dos Comerciários de São Paulo. 

 

Durante o protesto, foi utilizada uma réplica da tocha olímpica. A ideia era  mostrar que, apesar de toda a festa, há um descaso por trás das grandes empresas que promovem esse evento esportivo.

  

“Os Jogos Olímpicos simbolizam a paz, a união e o ‘fair play’. Queremos que a Nisssan ouça os trabalhadores e sindicatos”, explicou o  representante de Relações Internacionais da UAW (Sindicatos dos Metalúrgicos nos Estados Unidos) no Brasil, Rafael Guerra.  

 

“A ação foi positiva. Houve um empoderamento dos trabalhadores, que estão cada vez mais unidos, e conseguimos passar a mensagem de que a Nissan não tem mais como nos parar” disse Sanchione Butler, coordenadora da UAW.

 

As pessoas que estavam aguardando a passagem oficial da tocha olímpica também foram solidárias aos trabalhadores norte-americanos, que, durante os protestos, usaram camisetas com a frase “A Nissan Joga Sujo”. 

 

Há tempos a empresa japonesa é denunciada pela UAW e pelos sindicatos locais por promover ações agressivas contra os trabalhadores da cidade de Canto. Várias dessas manifestações já foram realizadas no Brasil e em países onde a indústria automobilística é forte, como França, Japão, México e África do Sul. Aqui, a iniciativa tem o apoio do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, da UGT (União Geral dos Trabalhadores) e dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes. 

 

“Mesmo com todas essas ações, infelizmente nada mudou. Continuam ameaçando, aterrorizando e mostrando vídeos que intimidam os trabalhadores que procuram o sindicato. Por isso estamos buscando apoio mundial para essa luta”, disse a trabalhadora da Nissan no Mississipi, Karen Camp. 

 

Segundo o representante da UAW, a maioria dos trabalhadores da fábrica em Canton é terceirizada, sem férias remuneradas, sem décimo terceiro, etc. “A fábrica do Mississipi é a que dá mais lucro, mas, em contrapartida, é a que mais explora os trabalhadores. É única no mundo que não tem trabalhadores sindicalizados”, concluiu Rafael. 

 

 

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