Brasil deve ter menos atletas e corte de verbas para Tóquio-2020

23/08/2016

Depois de ter a maior delegação de sua história na Rio-2016, com 465 atletas, o Brasil pode reduzir drasticamente o número de seus atletas em Tóquio-2020. O fato de o Brasil ter vagas garantidas por ser a sede contribuiu para esse número – na avaliação do Comitê Olímpico do Brasil (COB), o Time Brasil poderia ter até 90 atletas a menos se a competição tivesse sido realizada em outro lugar, o que dá uma indicação do que poderá ser a delegação nacional em Tóquio.

 

No COB, poucos escondem a preocupação relativa a um corte de recursos diante da crise no Brasil. Marcus Vinícius Freire, diretor executivo de Esportes do Comitê, admitiu que tem feito pressão no Ministério dos Esporte para a manutenção da Bolsa Pódio, já que a lei vence no fim do ano. Diversas federações menores também demonstraram o temor de que o fim da Olimpíada e a recessão signifiquem a redução de apoios. Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, indicou que todos os patrocínios estão mantidos até o dia 31 de dezembro. Mas garante que já busca formas de manter o apoio privado.

 

Para a Rio-2016, o COB recebeu investimentos na casa de R$ 1,4 bilhão nos últimos quatro anos, mas ficou abaixo da meta de conquistar o 10.º lugar no quadro geral de medalhas. Ainda assim, o comitê considerou "extraordinária" a participação do Time Brasil. O País encerrou a competição com 19 medalhas e o 12.º lugar na soma total de pódios. Em Londres-2012, o Brasil havia conquistado 17 medalhas.

 

O baixo crescimento – de cerca de 10% – não pode ser creditado à falta de investimentos nos últimos quatro anos. No total, o COB recebeu cerca de R$ 700 milhões em repasses por meio da Lei Agnelo-Piva, e o montante dobrou com a injeção de recursos de patrocinadores privados. No ciclo olímpico anterior, entre os Jogos de Pequim e Londres, o orçamento da entidade foi 50% inferior – o COB recebera R$ 390 milhões em leis de incentivo e praticamente o mesmo valor em patrocínios.

 

"A meta foi difícil e ousada, mas era factível", disse Marcos Vinicius Freire. "Os (países) que ficaram na frente estão há vários quadriênios com o investimento que tivemos agora." Ele ainda citou que o Brasil participou de um número inédito de finais (71; em Londres foram 36) e que 19 atletas ficaram na quarta e quinta posições.

 

Ao ser lembrado que outras ex-sedes tiveram um salto de conquistas maior, Nuzman rebateu menosprezando a situação da Espanha (sede em 1992, 14.º no quadro de medalhas). "O objetivo não é meramente numérico, ele é num todo. E ao ter esse objetivo num todo ele tem que abranger um legado." Na Espanha o salto foi de quatro medalhas em 1988 para 22 em 1992.

 

Fonte: Estadão