Taxistas se dividem com novas regras para tarifa em São Paulo

24/08/2016

As novas regras de bandeirada de táxis em São Paulo, que entram em vigor nesta quarta-feira, 24, dividiram os taxistas da capital e não devem garantir uma maior competitividade da categoria com os aplicativos de transporte de passageiros como o Uber, regulamentados há três meses pela gestão Fernando Haddad (PT). 

 

Três mudanças valem a partir desta quarta. As tarifas para táxis comum, especial (vermelho e branco), luxo e preto passam a ser a mesma: R$ 4,50 de bandeirada e R$ 2,75 por quilômetro rodado; a tarifa extra de 50% para viagens a outros municípios deixa de existir; e a cobrança de bandeira 2, que consiste em aumento de 30% no valor do km rodado entre 20 horas e 6 horas, passa a ser opcional.

 

Segundo a gestão Haddad, as alterações foram feitas a pedido dos usuários de táxis e da própria categoria. Mas os taxistas comuns, que representam quase 80% dos 36,8 mil motoristas ativos na cidade, criticaram a medida. “Perder a bandeira 2 e a taxa de 50% é como você perder seu adicional noturno, seu 13.º, seus benefícios. Não é uma coisa boa”, disse André Ricardo Lopes, de 39 anos, que trabalha na região da Avenida Paulista.

 

Nesta terça, cerca de 50 taxistas contrários aos aplicativos de transporte protestaram no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na região central, e entregaram ao Ministério Público Federal (MPF) um dossiê relatando os problemas da categoria com o que chamam de “transporte clandestino”, além de um abaixo-assinado pedindo a revogação do decreto que legaliza os aplicativos.

 

Favorável. Quem gostou das mudanças foram os taxistas das categorias preto e especial. No Aeroporto de Congonhas, tradicional ponto desse serviço, a expectativa é de que os clientes voltem às filas do vermelho e branco. Na última segunda-feira, apenas os táxis comuns eram solicitados. “Sou favorável a essa mudança. Está difícil para todo mundo e a primeira coisa que o passageiro olha é o preço. Mesmo sem todas essas novidades, como Uber, táxi preto, já estaria difícil. Então, acho que assim voltaremos a fazer corridas”, disse José Ribeiro da Fonseca, de 73 anos, há 15 naquele ponto.

 

“Acho que isso vai acabar com as diferenças que o cliente faz entre o táxi comum e os demais”, disse o motorista João Figueiredo, de 42 anos, motorista de táxi preto, cuja bandeirada era de R$ 6,75. “O taxista não vai conseguir manter seu carro novo, da forma como é hoje. O passageiro pode gostar agora, mas não vê que, a longo prazo, a qualidade do serviço vai cair”, pondera o presidente do Sindicato dos Motoristas nas Empresas de Táxis de São Paulo (Simtetaxi), Antonio Matias.

 

Fonte: Estadão