Em jantar, Doria se diz leal a Alckmin e nega novamente que vá se candidatar

23/03/2017

O amor estava no ar no jantar que Lucilia Diniz ofereceu na terça (21) ao prefeito João Doria (PSDB-SP) no Jardim Europa, em São Paulo.

 

"É o amor que eu esperei a vida inteira. E agora ele chegou", disse ela à coluna enquanto recebia convidados ao lado do namorado, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco. Foi a primeira vez que o novo casal apareceu em público, em uma grande festa. Muitos dos 370 convidados ainda nem sabiam que eles estavam juntos.

 

"Bem que nós queríamos, mas o Geraldo [Alckmin, governador de São Paulo] vem", dizia uma das pessoas no jantar sobre a possibilidade de alguns dos convidados, próximos do prefeito, lançarem naquela noite o nome de Doria para a Presidência da República em 2018.

 

"Eu estou apavorado com essa onda", dizia um secretário de Doria sobre o ti-ti-ti em torno da possibilidade de ele atropelar o padrinho político. Alckmin é candidato à Presidência. "Muita gente que estava próxima começou a ficar arisca com o João por causa disso. E ele já disse que não é candidato, ele não quer, o candidato é o governador."

 

Na hora dos discursos, Lucilia leu um texto cheio de elogios "ao João". E terminou dizendo que ele era a maior promessa de renovação da política nacional. Doria foi rápido. Antes de qualquer reação da plateia, pegou o microfone, agradeceu à anfitriã e afirmou: "O maior nome da política nacional é Geraldo Alckmin". E passou o aparelho ao governador, que então discursou.

 

Ao pegar o microfone de volta das mãos de Alckmin, o prefeito tirou os sapatos, subiu numa cadeira para ser visto por todos e disparou: "Não sou candidato a nada. Meu candidato à Presidência é Geraldo Alckmin. Aprendi com meu pai a ser [frisando as sílabas] le-al. Lealdade não vai me faltar nunca."

 

E derramou-se em elogios, chamando o governador de "mestre" e "professor". Alckmin, ao lado, sorria.

 

Enquanto Doria discursava, Sérgio De Nadai, amigo dele, foi avisado de que o vice-governador, Márcio França (PSB-SP), estava na festa e deveria ser chamado para ficar ao lado de Alckmin. Era alarme falso. Mas a preocupação era evitar uma situação incômoda: o vice quer ser candidato ao governo de SP, cargo para o qual muitos querem lançar o próprio Doria ou algum outro nome do PSDB.

 

Mais uma saia justa para o prefeito contornar. "Eu não tenho candidato ainda", respondeu ele à Folha ao ser questionado se apoia França. "Não tenho como responder. Eu sou tucano, antes de tudo. Mas ainda é cedo."

 

Fonte: Folha de S.Paulo