Para evitar manobras, Europa e Suíça ampliam embargo contra carnes brasileiras

27/03/2017

As autoridades suíças e europeias ampliam o embargo contra a entrada da carne brasileira, produzida por empresas envolvidas na fraude revelada pela Polícia Federal. Berna e Bruxelas, que inicialmente haviam barrado apenas quatro empresas brasileiras, tomaram a decisão de banir a entrada dos produto de qualquer uma das 21 empresas citadas na Operação Carne Fraca.

 

Ainda que a maioria dessas empresas não venda para o mercado suíço, a medida tem como objetivo evitar uma manobra dos exportadores para usar o território suíço para conseguir que a carne brasileira chegue nos mercados europeus. 

 

Bruxelas também tinha indicado que havia solicitado ao Brasil retirar da lista de exportador qualquer empresa envolvida no caso. Inicialmente, ela havia citado apenas as quatro empresas, já que esse seria o número de estabelecimentos que de fato estariam participando do comércio internacional. Mas, na sexta-feira, o bloco europeu já não mais falava em quatro empresas e optou por deixar claro que o embargo estaria válido para todas as empresas citadas na Operação e que representassem um risco. 

 

Bruxelas ainda indicou que "todos os carregamentos" das empresas citadas na Operação seriam impedidos de passar as fronteiras do bloco, mesmo que já estivessem em navios a caminho da Europa.  

 

As próprias autoridades brasileiras já haviam barrado a exportação das 21 empresas citadas no caso e a nova postura, na prática, não muda a realidade.

 

A partir desta segunda-feira, o comissário de Saúde da UE, Vytenis Andriukaitis, vai insistir com o governo brasileiro de que precisa ter "confiança" no sistema de controle sanitário do País para continuar a importar produtos brasileiros.  

 

O Estado revelou com exclusividade há uma semana a iniciativa dos suíços, que optaram por seguir os mesmos padrões da União Europeia. Stefan Kunfermann, porta-voz do Escritório de Veterinária da Suíça, explicou que temia que produtores brasileiros usassem o país alpino para fazer a carne banida entrar no mercado europeu. 

 

A Suíça não faz parte da Comissão Europeia, mas já há anos tem como tradição seguir os mesmos padrões adotados por Bruxelas. Das quatro empresas inicialmente barradas, duas são de aves, uma de carne bovina e outra de cavalo. 

 

Agora, a opção dos suíços foi por ampliar a barreira para todas as 21 companhias. Segundo o Escritório de Veterinária, porém, banir toda a carne brasileira do mercado suíço seria "desproporcional". 

 

Os suíços também indicaram que ordenaram que os postos de fronteiras e aduanas realizassem um controle mais estrito em relação a todos os produtos animais exportados pelo Brasil. 

 

Nos últimos anos, a exportação nacional tem passado a fazer parte importante do fornecimento de carne na Suíça, com um total de 20% de tudo o que o país compra no exterior. Um volume significativo é de carne de frango e peças mais nobres de carne bovina. 

Numa tentativa de tranquilizar os consumidores locais, porém, os suíços indicaram que carnes com problemas sanitários "dificilmente" teriam entrado na cadeia alimentar do país. 

 

Num comunicado, Berna ainda indicou que "desde o começo do ano, 20 mensagens relativas à carne de frango do Brasil foram feitas" dentro do sistema europeu de alerta sobre riscos sanitários. Nenhuma delas se referia, porém, à carne bovina. De acordo com os suíços, 95% da importação de carnes do país alpino em relação ao Brasil é composta por carnes de frango.

 

Fonte: Estadão