Desemprego leva ao aumento no número de empreendedores no Brasil

15/05/2017


Um corte de funcionários há seis meses na Mercedes-Benz deixou Paulo Filho sem emprego. Aos 27 anos, ele percebeu que a saída para recolocar-se no mercado era montar um negócio. Hoje, dono de uma produtora de vídeos, fatura R$ 2,5 mil por mês – ganho 35% menor do que quando estava empregado. “Era isso ou aceitar um emprego para receber R$ 1,2 mil”, conta.

 

Histórias como essa se multiplicaram pelo País. De acordo com os dados da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2016, obtida com exclusividade pelo Estado, cresce no Brasil o número de empresários, mas poucos são orientados pela vocação. Pressionados pelo desemprego, a maioria acaba restrita a um cenário de baixos rendimentos e pouca eficiência.

 

Segundo o levantamento, feito no País pelo Sebrae e Instituto Brasileiro de Qualidade de Produtividade (IBPQ), existem no Brasil 48 milhões de donos de empresas. Desse total, 44% entraram no mundo empresarial por necessidade (em 2008, eram 32%). E sete entre dez empresários recebem no máximo três salários mínimos (R$ 2,8 mil), o que os especialistas chamam de empreendedorismo de subsistência.

 

“Estamos passando por um momento de empreendedorismo de desespero no Brasil. Isso leva à baixa produtividade, tornando ineficiente a maior parte das pequenas empresas”, afirma o pesquisador de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, Hugo Tadeu. Segundo ele, sem qualificação adequada muitas dessas empresas se desestruturam rapidamente por falta de planejamento.

 

O presidente do Sebrae Nacional, Guilherme Afif Domingos, reconhece a dificuldade da base da pirâmide dos empreendedores em criar negócios de alta qualificação e escaláveis, o que os torna, essencialmente, autônomos formalizados. “O MEI (Microempreendedor Individual) é, na verdade, a porta de entrada. E dele espera-se uma evolução que ainda não acontece”, diz.

 

A pesquisa mostra aumento da participação dos mais jovens entre os empreendedores. Quase 50% das pessoas que iniciaram um negócio em 2016 tinham entre 18 e 34 anos. É o caso da cabeleireira Maria Eduarda da Conceição, de 27 anos. “Comecei como autônoma, mas trabalhar dessa forma nos dá ainda menos segurança.” Ela abriu a empresa há dois anos e fatura, em média, R$ 2 mil por mês.

 

Fonte: Estadão