Como os pais podem influenciar os filhos a gastar melhor e a economizar

10/08/2017


Qual a hora certa de começar a falar de dinheiro com os filhos? Existe um jeito para ensinar crianças e adolescentes a gastar racionalmente e a economizar? Pais organizados com suas finanças podem virar inspiração em casa? Se educação financeira não está entre os temas abordados em família, chegou a hora de pensar melhor no assunto!

 

Especialistas em educação financeira afirmam que não adianta os pais ficarem só no discurso, eles também devem dar o exemplo nas atitudes. O jeito como o adulto lida com suas finanças, como ele evita desperdícios e exageros e como economiza serve de espelho para os filhos.

 

Engana-se quem pensa que uma conversa resolve. Cássia diz que educação financeira é como o restante da educação: precisa ser construída dia a dia. “É por volta dos 2 anos e meio que aparece o primeiro pedido de compra. Ali, a criança entende que existe dinheiro, que aquilo compra coisas coloridas, divertidas e gostosas. Aí começa tudo”, observa.

 

Claro que os pais devem sempre respeitar os limites de cada idade, explicando as coisas com delicadeza. Mas não atender a todos os desejos de consumo da criança já é uma lição de educação financeira.

 

Apresentação do mercado

Ainda na infância, questões mais teóricas podem começar a aparecer. Cássia considera interessante a criança ser apresentada ao banco por volta dos 10 anos de idade. Tudo, claro, com muito jeito. Mas é importante ela saber o funcionamento daquilo, que o dinheiro pode ser guardado ali, que a poupança é similar a juntar no cofrinho, só que com rendimentos. “Os pais devem mostrar que existe um gerente, que é uma pessoa como qualquer outra. Que é um funcionário, mas não é Deus, e nem tudo o que ele falar precisa ser seguido”, observa.

 

Depois, por volta dos 14 anos, o adolescente pode ser apresentado a outros produtos financeiros, como títulos de renda fixa e, mais tarde, à renda variável, como ações. É importante mostrar as vantagens e os riscos de cada investimento, para que o filho possa aprender e depois tomar suas próprias decisões. Mas os pais não devem impor seus pontos de vista. “O que interessa não é uma criança que entenda de dinheiro, e sim um adulto que entenda de dinheiro”, completa Cássia.

 

Planejamento desde cedo

Para adolescentes e jovens que recebem algum tipo de mesada, o planejamento financeiro pode começar desde cedo. Quer comprar aquele último celular? Quer fazer uma viagem? “Acho interessante fazer um plano, estipular o valor e saber qual será o esforço para pagar por aquele desejo. Isso cria uma cultura de planejamento cedo. Fora do Brasil isso é comum, aqui ainda nem tanto”, diz Sandra Blanco, consultora da Órama, uma plataforma de investimentos 100% online, com foco também na educação financeira dos seus clientes.

 

Apesar de não ser tão comum, há casos de filhos que aprendem educação financeira fora do âmbito familiar e, aí, transmitem conhecimentos para toda a família. Os pais se sentem provocados a mudar seus hábitos de consumo ao ver um filho responsável com as finanças.

 

De pai para filho

Na família do publicitário Iuri do Amaral, 26 anos, educação financeira sempre foi um tema tratado em casa. O pai dele, o advogado Joel Marques do Amaral, 76, acredita que é obrigação dos pais ensinarem os filhos desde cedo a poupar. "Começamos com a famosa mesada. Para ganhar, os meninos tinham que dar algo em troca. Eu pedia a leitura de um livro pequeno e uma redação sobre o mesmo", conta.

 

Para o advogado, ainda na infância é preciso mostrar que as coisas não são fáceis de serem conquistadas. "É preciso esforço! Eu ia ensinando que, se eles quisessem algo, deveriam juntar para comprar", afirma Joel. Iuri aprendeu. Todo mês ele reserva pelo menos 5% do salário para aplicar. “Todo o mês sobra um dinheiro, que guardo para qualquer eventualidade", diz o publicitário.

 

Também vem de berço a educação financeira do diretor de cinema Diego dos Anjos, 33. Ele aprendeu a poupar vendo como o pai administrava o dinheiro. "Ele me influenciou com o raciocínio de controle financeiro e planejamento de gastos. Ou seja, que é bom sempre se preocupar em não gastar mais do que se ganha e, assim, juntar dinheiro", conta o diretor.

 

Quando era criança, recorda Diego, a família não tinha casa própria. Graças à boa administração do pai, logo foi possível adquirir um imóvel. "A gente morava de aluguel, e ele juntou dinheiro para não precisar mais viver assim. Sempre com a ideia de juntar dinheiro, hoje nossa família tem três imóveis", relata.

 

Para isso, o pai de Diego abriu mão de muitas coisas, não fazia viagens, nem saía para jantar fora. Apesar de respeitar a privação da família, Diego age diferente. "Procuro gastar sempre menos do que eu ganho, mas, se quero fazer uma viagem, por exemplo, eu guardo dinheiro e vou", fala. Ele possui uma planilha de gastos para organizar a vida financeira. Ainda não experimentou fundos de investimentos, apesar do seu próprio pai aplicar nessa modalidade.

 

E você, como trata desse assunto em casa? Atualmente, existem diversos materiais disponíveis na internet que auxiliam na educação financeira. A Órama, por exemplo, oferece vídeos, artigos e e-books, que abordam temas como finanças, investimentos, produtos financeiros, entre outros. Além disso, também faz programas ao vivo nas redes sociais, e tem uma equipe de atendimento disponível para auxiliar e tirar dúvidas.

 

Fonte: G1