Conexão de internet é pior na periferia de São Paulo

07/12/2017


Se a máquina de cartão demora para passar no restaurante e, no trânsito, seu celular fica sem sinal, a culpa é da falta de antenas de celular. Em São Paulo, o problema é maior na periferia, que tem uma conexão de telefonia abaixo dos parâmetros mínimos de qualidade, segundo levantamento da Abrintel (Associação Brasileira de Infraestrutura para as Telecomunicações).

 

O limite para uma conexão adequada de internet via telefone é de 1.000 habitantes para cada estação de radiobase. A média de São Paulo é de 3.375, mais que o triplo.

 

Os piores bairros estão na zona leste –Cidade Tiradentes (16.913), José Bonifácio (13.546), Vila Jacuí (11.198) e Parque do Carmo (9.948).

 

As empresas de telefonia atribuem a escassez de antenas à burocracia para instalá-las. Os equipamentos são construídos por operadoras ou empresas especializadas, que são representadas pela Abrintel, entidade que fez o levantamento e pleiteia a aprovação de lei municipal para destravar as instalações.

 

Em média, a aprovação pela prefeitura leva dois anos. A lei municipal paulistana restringe a instalação perto de escolas e hospitais e proíbe novas estações em ruas com largura menor que dez metros, o que exclui boa parte da periferia, segundo Lourenço Coelho, presidente da Abrintel.

 

"É mais fácil construir no centro, pois dá para colocar em cima do prédio. Na periferia, tenho de usar o chão, e o uso do solo é mais restrito."

 

Em 2004, quando foi aprovada a lei, havia uma preocupação com a radiação que vinha das estações. Também não havia a "miniestação de radiobase", que é uma antena compacta, pouco maior que um modem de wi-fi.

 

"Nosso limite de radiação é conservador em relação ao resto do mundo. Esse assunto está pacificado", diz Carlos Duprat, diretor-executivo da SindiTelebrasil (das empresas de telefonia).

 

Em lei federal de 2015, foi definido que a questão ambiental de radiação é federal, de responsabilidade da Anatel, e que haveria um prazo máximo de 60 dias para aprovação de novas antenas. Hoje, esse limite não é respeitado pelos municípios.

 

"A situação só vai mudar quando todos os municípios aprovarem novas regras", diz Eduardo Santini, da KPMG.

 

Segundo a SindiTelebrasil, o tráfego de dados aumenta 45% ao ano, ou seja, o sinal vai piorar sem novas antenas. A Abrintel estima R$ 2 bilhões de investimentos represados no setor só em São Paulo.

 

A média brasileira de habitantes por antena é 2.344, segundo a KPMG. Na Alemanha, são 328, e, no Japão, 578. Os EUA também estão acima do recomendado, com 1.507 habitantes por estação.

 

Fonte: Folha de S.Paulo