Presidente da UGT defende custeio do sistema sindical no Fórum Social Temático

27/01/2014

O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, defendeu uma forte atitude para garantir o custeio do sistema sindical, que sofre com as ações do Ministério Público. O discurso foi feito durante o Seminário Espaço do Trabalho, no Fórum Social Temático (FST), que reuniu representantes de 30 países em Porto Alegre no dia 24 de janeiro. Patah também defendeu a união das centrais sindicais em torno de temas relevantes como o fim do fator previdenciário, a diminuição da jornada do trabalho e a erradicação do trabalho infantil.

 

No transcorrer do seminário, o secretário-geral do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e membro da executiva nacional da UGT, Edson Ramos, coordenou a mesa “Perspectivas do Sindicalismo no Século XXI e Custeio do Sistema”. Durante a mesa, a situação dos trabalhadores no Paraguai foi apresentada por Marcela Gonzalez Ricart, de Assunção, capital do país. Marcela projetou imagens sobre a greve dos motoristas da linha 30, que ficaram dias crucificados em frente à empresa de transporte público, para que as reivindicações da categoria encontrassem eco tanto na empresa como no governo do país.

 

O representante da Palestina, Jamal Juma, destacou que somente com o apoio das organizações internacionais seu povo deixará de ser perseguido. Juma exemplificou que em negociações na relação capital-trabalho, 42 trabalhadores palestinos foram mortos num período de 30 dias. Maha Abdelhamid explanou sobre a unidade das forças sindicais da Tunísia, que resultou em um acordo com o empresariado, apesar da forte crise política presente no país.

 

No decorrer da tarde, outras duas mesas com representantes nacionais e internacionais dos trabalhadores debateram temas de interesse da categoria no Seminário Espaço do Trabalho.

 

A atividade “Liberdade Sindical e Práticas Antissociais” incluiu questões como a não regulamentação da Convenção 151, da Organização Internacional do Trabalho, assunto abordado pela Secretária de Mulheres da CUT nacional, Rosane Silva. Para Rosane, a democracia será consolidada quando os trabalhadores tiverem o direito de se organizarem no ambiente de trabalho. Tema este reforçado pelo professor da Universidade Federal do Paraná, Sandro Lunardi, que ainda acrescentou a liberdade de negociação e o respeito ao direito de greve como premissas para a democracia.

 

José Elias Torres, representante da Venezuela, abordou a ausência de assuntos referentes aos trabalhadores na grande mídia. Torres disse que não há cobertura de notícias sobre denúncias, ataques a sindicalistas e, tão pouco, como está a articulação do movimento sindical em outros países. Já Sérgio Bassoli, da Itália, enfatizou que é preciso haver uma unidade das centrais sindicais em âmbito global para fazer frente ao neoliberalismo e ao poder das multinacionais.

 

A egípcia Heba Khalil denunciou que no Egito a legislação não permite a criação de sindicatos, apesar de a Organização Internacional do Trabalho reconhecer cerca de 1,8 mil associações criadas após a revolução no país.

 

O dirigente da CGTB, Daniel Santos, participou da mesa “Trabalho Decente, Democracia e Desenvolvimento”. Santos disse que é preciso exigir mais estrutura do Ministério do Trabalho e Emprego para que o órgão cumpra plenamente o papel de fiscalizador e o Brasil se torne referência no trabalho decente. Para o argentino Fito Aguirre, da CTA, o neoliberalismo torna acirrada a relação capital-trabalho, o que torna a ideia de trabalho decente uma verdadeira revolução.

 

Jaime Arciniega, da CSE do Equador, disse que é preciso unificar o discurso sindical na América Latina em torno de temas comuns a fim de transformar as relações com as empresas multinacionais, para que o desenvolvimento também seja social. O Egito também foi tema de Shady Elnoshopkaty, morador do Cairo. Ele relatou que 40 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza no país, e que após três anos de revolução, não há garantias individuais e pessoas continuam sendo mortas em atos de protesto, o que torna ilusória a ideia de democracia no Egito.