Brasil lidera queda entre gigantes globais

10/03/2014

O pior resultado é o da Petrobras, que perdeu 34% do seu valor em Bolsa, queda que só não é maior que a da banco espanhol Bankia (51%), um símbolo da crise espanhola, salvo da falência pelo governo local em 2012.

 

A companhia brasileira, que cinco anos atrás figurava entre as dez maiores do mundo, hoje está na 121ª posição, avaliada em US$ 74 bilhões, um terço da rival PetroChina.

 

O crescente endividamento, a imposição do governo de segurar os preços dos combustíveis no mercado interno e o risco de seus títulos perderem a nota de "grau de investimento" são motivos que levam os investidores a acreditar que a estatal valha quase US$ 100 bilhões menos que a americana Amazon, que lucrou US$ 274 milhões no ano passado – enquanto a Petrobras lucrou US$ 11 bilhões.

 

A estatal não é, porém, a única que sofre na Bolsa: Vale, Banco do Brasil e Bradesco figuram entre as dez com maior perda de valor, com quedas entre 25% em 30%. A consequência é que atualmente há apenas seis empresas do país entre as 500 maiores do mundo, quatro a menos que nessa mesma época em 2013 (Souza Cruz, Itaúsa, Santander e Telefônica deixaram o ranking ao longo do ano passado) e seis em relação a 2012 (OGX e Cielo também estavam na lista).

 

Para Andrew Campbell, estrategista de Equity Research para a América Latina do Credit Suisse, a queda das empresas brasileiras reflete o desempenho do mercado acionário local.

 

"O último ano foi especialmente ruim para mercados emergentes. Enquanto o Brasil caiu 26% [pelo IBr X 100, índice que mede cem ações brasileiras], os emergentes caíram 8%. Nesse mesmo período, a Bolsa americana ganhou mais de 22%."

 

Para ele, os maus resultados são reflexo o baixo crescimento da economia brasileira (o Credit Suisse estima alta de 1,8% do PIB neste ano, após o avanço de 2,3% em 2013) e da política do banco central americano (Fed) de retirada de parte dos estímulos adotados em 2012, o que tem pressionado as moedas dos países emergentes.

 

Com perda de 16% do seu valor ante o dólar, o real é a quarta moeda que mais se desvalorizou nos últimos 12 meses (entre 31 divisas). Como o ranking é medido em dólar, as flutuações do câmbio também têm impacto na lista. "Sem considerar qualquer outro fator, as empresas de cara perderam 16%", afirmou Campbell 

 

Fonte: UOL