Sindicato faz passeata por manutenção de emprego na Lins de Vasconcelos

08/04/2014



Mais uma vez, a diretoria e a militância do Sindicato dos Comerciários de São Paulo apoiaram os comerciários, comerciantes e moradores na luta contra a criação de mais um corredor de ônibus. Desta vez, a manifestação aconteceu, na manhã do dia 08 de abril, em uma das transversais das Avenidas Lins de Vasconcelos e Lacerda Franco. Além dos comerciários, estavam presentes os sindicatos dos metalúrgicos, da construção civil e dos motoboys.


“Não somos contra o corredor de ônibus, mas nesta via não tem necessidade, há anos funciona com o trânsito fluindo. Essa iniciativa vem alterar toda a vida do comércio local e, consequentemente, ameaçar os empregos que geram para nossa categoria. Nós estamos falando de 100 lojas. Consultamos as pessoas, os comerciantes e seus funcionários e todos têm a mesma resposta, não conseguem imaginar o caos que irá se tornar a região”, explica Josimar Andrade, diretor do Sindicato dos Comerciários de São Paulo.


“Ir lá para as vias nos extremos sul e leste de São Paulo, onde os trabalhadores sofrem há anos com o deslocamento e com a falta de transportes decentes, eles não vão. Com essa mudança, as vendas irão cair e, consequentemente, terão que demitir seus funcionários ou fechar as portas. Nós temos que garantir os empregos desses trabalhadores”, acrescenta Marinaldo Medeiros, também diretor do Sindicato.


A decisão da prefeitura é de criar um corredor de ônibus nas avenidas Lins de Vasconcelos e Lacerda Franco e, e em seguida, transformá-las em vias de mão única. Tal medida deixou a população daquela região revoltada pois, segundo eles, foi autoritária e sem nenhuma consulta prévia aos moradores e comerciantes do local. 

 


Os comerciários da região já preveem como a medida afetará suas vidas.


“Meu emprego está em jogo, porque as minhas clientes disseram que não vão parar na rua de baixo, senão terão que pagar zona azul, então vão preferir frequentar as lojas dos shoppings, por achar mais cômodo. Eu tenho fixo mais comissão. Se não vender, não ganho. Por isso que estou aqui, para ajudar a garantir o meu emprego”, disse a vendedora Roberta Gomes, da VB Modas.


“Você já percebe a baixa nas vendas. Para mim, que dependo de comissão, vai atrapalhar bastante. Tem cliente que não compra aqui no Cambuci por conta da falta de estacionamento, mesmo tendo esse acesso de mão dupla. Imagina se for transformado em mão única. O cliente gosta de lugares práticos”, disse Michelle Almeida, vendedora da Copel Colchões.


“As pessoas que irão descer a rua não verão o comércio. Para nós, que trabalhamos em oficina, os carros têm que entrar e subir a calçada. Como estamos do mesmo lado onde será o corredor, vai ficar difícil”, disse Roberto Souza, dono de uma oficina mecânica.


“O projeto não foi estudado antes de ser implementado. Nosso maior problema é que vai prejudicar o comércio. As pessoas que saíam no final da tarde para fazer compras, depois do trabalho, já não vão passar mais aqui, e esse seria nosso melhor momento de vendas. As coisas já não estão boas, tem muita gente fechando as portas e quem ainda está aqui vai seguir o mesmo caminho, fechar e demitir os poucos funcionários que restam”, disse Viviane Brito, proprietária da VB Modas.


Dona Laurinda e Sueli são moradoras da região há mais de 50 anos. Elas têm um ateliê na Avenida Lacerda Franco e a preocupação é saber como vão realizar atividades diárias, como carga e descarga de tecidos. “Não vejo necessidade de mexer com o fluxo desta região por ser, praticamente, residencial. Diariamente chegamos e saímos com mercadorias. Como vamos fazer para sair da garagem? Teremos que parar o ônibus para poder sair?”, questionam as senhoras. 


Segundo os moradores da região, a Avenida Lacerda Franco é uma via tombada e a implantação de corredor traria uma degradação urbana e não aguentaria o intenso fluxo de ônibus. No próximo dia 10, está agendada uma Audiência Pública no balneário do Cambuci para discutir a medida.