Morre o escritor Ariano Suassuna, autor de "Auto da Compadecida"

23/07/2014

O escritor paraibano Ariano Suassuna, autor de "Auto da Compadecida" e "A Pedra do Reino", morreu às 17h15 desta quarta-feira (23), aos 87 anos, no Recife.

 

Internado no Real Hospital Português desde segunda-feira (21), quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, Suassuna teve uma parada cardíaca provocada pela hipertensão intracaniana. No ano passado, o autor foi hospitalizado duas vezes, primeiro por causa de um infarto agudo no miocárdio e, depois, por um aneurisma cerebral.

Ocupante da Cadeira 32 da Academia Brasileira das Letras, para a qual foi eleito em agosto de 1989, Suassuna foi um dos principais nomes da literatura brasileira do século 20.

 

Nascido em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, em 16 de junho de 1927, era filho do político João Suassuna, que ocupou o governo da Paraíba e foi assasinado no Rio de Janeiro, em 1930.

 

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A família passou a viver em Taperoá, onde Suassuna começou a estudar e viu a primeira peça de mamulengos (fantoches típicos do nordeste brasileiro), que depois teria influência em sua produção teatral.

 

Em 1942 o autor se mudou para Recife e aos 16 anos começou a escrever poesias. Aos 20 publicou a primeira peça, "Uma Mulher Vestida de Sol".

 

 

Em 1950 formou-se advogado, profissão à qual se dedicou durante anos sem abandonar a literatura. Na faculdade conheceu o escritor Hermilo Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco.

 

Em 1955 publicou "Auto da Compadecida", sua obra mais famosa, que em 2000 seria adaptada para uma minissérie e um filme de sucesso, estrelados por Matheus Nachtergaele e Selton Mello.

 

Com projeção nacional, deixou a advocacia e viu suas peças serem montadas em outros Estados. Em 1959, de novo com Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste.

 

Na década de 1970, lançou o Movimento Armorial, com o objetivo de criar arte erudita a partir de elementos da cultura popular, como literatura de cordel e música de viola. Seu livro "O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta", de 1971, é baseado nesses preceitos.

 

Exerceu, entre outros cargos públicos, o de secretário de Cultura de Pernambuco durante o terceiro governo de Miguel Arraes (1995-1998). Atualmente, era assessor do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

 

Em 2012, foi escolhido pelo Senado como "candidato oficial" do Brasil ao prêmio Nobel de Literatura - que, depois, ficou para o chinês Mo Yan. Suassuna teve obras traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão, italiano, holandês e polonês. Mas não para o sueco, língua dos eleitores do Nobel.

 

Fã de futebol, o autor era torcedor fanático do Sport Club do Recife.

 

Fonte: Ig