Renda agrícola deve recuar pouco em 2015, diz analista

25/07/2014

O próximo ano não deverá ser tão ruim como se prevê, apesar da estimativa de redução dos preços das commodities. "Estamos olhando para a próxima safra como se a previsão atual de boa produção mundial já estivesse concretizada. Muita coisa ainda pode acontecer."

 

A avaliação é do analista José Pitoli, de Cornélio Procópio, norte do Paraná. Vai haver queda, mas os preços das commodities não vão ser tão ruins, aponta ele.

 

O produtor deverá se preparar, no entanto, para uma redução de 10% a 15% na renda, em vista desse novo cenário de recuperação da produção mundial, principalmente nos Estados Unidos.

 

As receitas deverão ser menores, mas os custos de produção param de subir. As indústrias de insumos normalmente acompanham a renda dos produtores e aproveitam o período de boa renda no campo para "a formação de uma gordura", afirma ele.

 

Nos tempos menos favoráveis, pisam no freio nos reajustes de preços, acrescenta.

 

Um dos motivos que fazem Pitoli acreditar em um cenário menos complicado no próximo ano, principalmente no setor de milho, é a demanda pelo cereal. A indústria brasileira de carne cresce, principalmente com a evolução das exportações, e os preços do cereal têm um limite para a baixa.

 

A soja também cai de preço, se forem confirmados os patamares previstos de produção, mas a oleaginosa tem mercado garantido devido à demanda chinesa.

 

Os preços das commodities em Chicago já refletem essa expectativa de boa produção na safra 2014/15. O primeiro contrato de soja está sendo negociado com queda de 13% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o do milho caiu 29%.

 

O trigo, que apontava bons preços antes da safra, também cai. A queda, no entanto, tem limites. Dos R$ 41 por saca, o cereal voltou para R$ 37 devido ao aumento do número de contratos de venda nas últimas semanas, de acordo com Pitoli.

 

Um dos fatores determinantes da renda do produtor na próxima safra serão os fretes, segundo o analista. Uma estrutura de transporte desfavorável --somada à possibilidade da recomposição da defasagem dos preços internos dos combustíveis em relação aos internacionais-- vai colocar pressão ainda maior nos custos do agronegócio.

 

Pitoli acredita que o produtor esteja preparado para a redução de preço das commodities porque está capitalizado, após o período de alta nos últimos anos.

 

Ele acredita, no entanto, que a queda de preços vá provocar pressões no governo para que disponibilize todos os mecanismos disponíveis de comercialização.

 

Ele acredita que, com a queda dos preços externos e o consequente reflexo interno, vai ser necessária a adoção desses mecanismos que o governo tem. Alguns produtos, como o milho, vão ter preços inferiores aos do mínimo em algumas regiões.

 

Cana A moagem nesta safra atinge 244 milhões de toneladas e supera em 8% a de igual período de 2013. O rendimento, no entanto, é de 79,3 toneladas por hectare, 4% menos, segundo a Unica.

 

Nova queda O preço da arroba de boi gordo caiu para R$ 118 em São Paulo, onde os negócios são poucos, aponta a Informa Economics.

 

Leite A catarinense Ordemilk comprou as operações no Brasil da Boumatic, norte-americana de equipamentos para a cadeia do leite.

 

Ampliação Com o negócio, a Ordemilk faz investimentos iniciais de R$ 5 milhões e quer ampliar a linha de produtos e equipamentos no setor.

 

Fonte: Folha de S.Paulo