Grupo Pão de Açúcar corta custos e lucra mais

28/07/2014

Os resultados financeiros do Grupo Pão de Açúcar (GPA) — que registrou lucro líquido de R$ 358 milhões e receita líquida de R$ 15,2 bilhões no segundo trimestre deste ano — ficaram acima do esperado por analistas que acompanham o desempenho financeiro da rede varejista. Mais do que o desempenho de vendas em mesmas lojas (unidades abertas há mais de um ano) ou mesmo o efeito Copa do Mundo, com mais televisores e smartphones saindo das prateleiras, o que chamou a atenção foi o ganho de eficiência com o controle de despesas, que tiveram crescimento menor do que a receita no período. Segundo o próprio GPA, as despesas com vendas gerais e administrativas reduziram de 19,4% no segundo trimestre de 2013 para 18,7% em igual período desse ano.

 

Segundo Ronaldo Iabrudi, CEO do GPA, a disciplina nos gastos e simplificação de processos no canal Multivarejo (formado pelos supermercados, hipermercados, mini mercados e o atacado Assaí) e os ganhos de eficiência na Via Varejo (Ponto Frio e Casas Bahia) foram importantes para o resultado e seguem como meta da companhia.

 

“Buscamos eficiência operacional com redução de despesas e foco no negócio. E acreditamos que, em um momento em que a economia anda meio de lado, a decisão da companhia de aumentar a abertura de lojas em todas as unidades de negócio é uma decisão certa, e estamos investindo o mesmo valor do ano passado, de quase R$ 2 bilhões”, afirma Iabrudi. 

 

Para o analista do banco UBS, Gustavo Oliveira, é mesmo a eficiência operacional a grande marca da nova gestão do GPA.

 

“A empresa vem obtendo ganhos com melhor operação logística e com a administração de custos com propaganda, avaliando a real necessidade destes custos. Além disso,uma das metas da companhia certamente é a redução de quebras e rupturas, que são as perdas de produtos danificados ou que perecem, no caso dos alimentos. A rede também descontinuou o funcionamento de lojas 24 horas, deixando de oferecer uma conveniência que pode ser pouco rentável, mas que também ajuda no corte de custos”, explica o analista. O movimento de enxugamento das despesas, diz Oliveira, segue também na Via Varejo.

 

“É a mesma linha de controle de custos usada no formato Multivarejo. Mas, na Via Varejo, a empresa vem avaliando também a performance de lojas que vendem mais do que outras para, assim, criar processos que possam ser aplicados nas demais filiais”, diz o analista. 

 

Na avaliação de Ronaldo Iabrudi, todo o esforço de eficiência tem como destino final a competitividade nos preços. Mas não só nisso. A criação de diferentes formatos no varejo de supermercados é o que ele considera um trunfo do GPA para seguir com bons resultados. Por isso, ele afirmou durante conferência com analistas ontem, que supermercados vão migrar para a bandeira Pão de Açúcar e os hipermercados terão o seu espaço de loja reduzido, dando lugar a galerias comerciais e levando mais tráfego de clientes. Isso ainda em 2014. 

 

“O fato de termos multiformatos leva o consumidor a ter escolhas que vão além do preço, englobam o perfil de cada um e suas necessidades. Sentimos que há um crescimento maior em determinados formatos. O mini mercado e o sistema cash&carry (atacado) crescem mais do que o hipermercado e isso é fato. Estamos observando o comportamento do consumidor, que mudou em diferentes regiões”, ponderou Iabrudi, acrescentando que a evolução de galerias para espaços Conviva (que funcionam com um formato de shopping) também está sendo observada pela rede. Hoje, o GPA tem duas unidades Conviva em funcionamento, uma no Rio, com a bandeira Pão de Açúcar de âncora, e outra em Belo Horizonte, com a marca Extra. A terceira filial será inaugurada também no bairro do Maracanã, no Rio, mas a bandeira que vai ancorar o empreendimento não foi revelada por ele.

 

Para o presidente do Conselho do Provar/Ibevar, professor Claudio Felisoni, a estratégia do GPA de ajustar formatos para públicos distintos sempre esteve em seu DNA. Mas, se antes a situação econômica não permitia a expansão desse modelo de negócios, hoje, mesmo com uma inflação considerada alta para o atual momento da economia, o consumidor consegue ter uma real percepção de preços. E preço, diz o professor, hoje é apenas um atributo qualificador, que demanda mais de um setor competitivo como o de supermercados. 

 

“Rentabilizar as operações é a palavra de ordem em um modelo de negócio como o supermercadista. Por isso, reduzir o tamanho dos hipermercados e aproveitar o custo de oportunidade de um ativo imobiliário com o aluguel de lojas é importante. Assim como a criação de novos formatos. O outro caminho é a melhoria de processos e redução de custos. É preciso insistentemente ser eficiente”, diz o especialista.

 

Fonte: Brasil Econômico