Brasileiros investem cada vez mais no exterior

18/08/2014

Recentemente, o Banco Central divulgou a pesquisa denominada "Capitais Brasileiros no Exterior". Essa pesquisa faz parte de uma declaração obrigatória para pessoas físicas e jurídicas com ativos no exterior iguais ou superiores a US$ 100 mil.

 

O documento mostrou que o estoque de ativos brasileiros no exterior cresceu 9,99% em 2013 na comparação com 2012, para US$ 391,57 bilhões. Esse número engloba os fundos de investimento e o investimento direto (aporte de empresas, em produção).

 

Apesar de a taxa de crescimento ter mostrado desaceleração (em 2012, o aumento havia sido de 27,01%), a quantia representa mais um recorde, seguindo a tendência que ocorre desde 2001, quando a pesquisa começou a ser divulgada pelo Banco Central.

 

Investidores. Na mesma linha, o número de declarantes também aumentou e alcançou novo recorde. Em 2013, o crescimento foi de 15,6%, para 30.573 declarantes, sendo 27.014 pessoas físicas e 3.559 pessoas jurídicas.

 

Em 2012, o avanço havia sido de 21,70%, para 26.456 declarantes, sendo 23.199 pessoas físicas e 3.257 pessoas jurídicas.

 

Na primeira pesquisa, em 2001, o estoque de ativos brasileiros no exterior somava US$ 152,21 bilhões, com 13.404 declarantes.

 

Os investimentos no exterior em carteira, que englobam ações e títulos de renda fixa, somaram US$ 25,43 bilhões no fim de 2013, segundo a pesquisa do Banco Central, acima dos US$ 22,12 bilhões do ano anterior. Ainda assim, o investimento estrangeiro em carteira no Brasil ainda superou esse montante, com US$ 34,66 bilhões.

 

Moeda valorizada. Marcelo Karvelis, sócio da Claritas Investimentos, disse ter observado um aumento no interesse dos investidores brasileiros pelo exterior principalmente nos dois últimos anos.

 

Com a moeda brasileira em um nível de apreciação muito forte, a expectativa passou a ser de depreciação do real, explicou. Ele ainda lembrou que a maioria dos investimentos no Brasil tem encontrado dificuldade em superar o rendimento do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

 

"A primeira razão para buscar o exterior é a diversificação do risco", disse Karvelis. "Os Estados Unidos saíram da crise e o mundo vem apresentando taxas de crescimento mais fortes que o Brasil."

 

De fato, alguns grandes fundos de investimento estão dando prioridade à alocação de recursos no exterior. O fundo Verde, da Credit Suisse Hedging-Griffo, revelou em carta sobre o desempenho de julho deste ano ter uma posição líquida comprada em ações fora do Brasil de aproximadamente 19%.

 

Na época, o fundo tinha patrimônio líquido de R$ 3,36 bilhões e a exposição líquida no Brasil estava zerada. Esse fundo é gerido por Luís Stuhlberger, um dos mais respeitados gestores do mercado por causa dos elevados retornos desde o início do fundo, que foi aberto em 1997.

 

Investimento produtivo. Do estoque total investido pelos brasileiros em 2013, segundo essa pesquisa do Banco Central, o item que mais chama atenção é o investimento brasileiro direto no exterior, que bate sucessivos recordes e somou US$ 295,38 bilhões.

 

Dentro desse grupo, o setor cujas empresas mais recebem investimentos é o de serviços, com US$ 149,20 bilhões.

 

Para Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica (Sobeet), esse aumento é um reflexo do contexto global, no qual os países em desenvolvimento estão cada vez mais investindo no exterior.

 

"Essa tendência deve se manter. Com isso, aumenta a competitividade, aumentam as exportações e as empresas passam a incorporar novas qualidades do mercado internacional", disse Lima.

 

Fonte: Estadão