Planos de saúde dizem que gasto com doentes subiu 16% e reclamam do Brasil

25/08/2014

Os planos de saúde dizem que gastaram, em 2013, 16% mais com seus clientes de contratos individuais, em relação a 2012. Esses gastos foram feitos principalmente com internações, consultas, exames, e terapias.

 

Eles reclamam que isso é muito, se comparado com a inflação oficial, que ficou em 5,9% pelo IPCA em 2013. Segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que fez os cálculos e representa as empresas de saúde, essa diferença de 10,1 pontos percentuais entre a inflação e os custos é muito maior que no resto do mundo.

 

Além disso, o reajuste das mensalidades que os clientes pagam foi de 9,65% em 2013/14, menor do que o aumento dos custos.

 

Os planos individuais representam hoje cerca de 20% do mercado. A maior parte dos consumidores tem, atualmente, planos coletivos.

 

Internações são responsáveis pela maior parte dos custos

As internações são responsáveis pelos maiores gastos das operadoras (61% do total).

 

Segundo o IESS, os gastos dos planos com usuários de planos de saúde com 59 anos ou mais também pesam nos custos. Esses clientes correspondem a 23,1% do total de beneficiários.

 

Para efeito de comparação, na população geral as pessoas dessa faixa etária são 10,8% do total, segundo dados do Censo do IBGE de 2010.

 

O superintendente-executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro, diz que os custos dos planos tradicionalmente variam mais do que a inflação oficial, tanto no Brasil como em outros países.

 

"O que chama atenção, entretanto, é a diferença de 10,1 pontos porcentuais entre os dois indicadores. Essa é uma diferença muito grande se compararmos com a diferença desses indicadores em outros países", diz Carneiro.

 

Aumento de gastos faz parte da atividade, diz advogada

Todos os anos, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determina um índice máximo de reajuste para os planos individuais. Esse reajuste serve, em parte, para compensar a alta de custos das operadoras.

 

Neste ano, o índice máximo determinado pela ANS foi de 9,65%. O porcentual se refere ao período entre maio de 2013 e abril de 2014.

 

Segundo o IESS, nos 12 meses incluídos nesse período a alta dos custos dos planos também foi de cerca de 16% (o índice registrado em todo o ano de 2013). Os custos, assim, não teriam sido totalmente repassados para o consumidor, uma vez que o reajuste dos planos foi menor (9,65%).

 

Para Joana Cruz, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o aumento dos custos das operadoras faz parte do risco relacionado à atividade dessas empresas.

 

"Qualquer empresa está sujeita a ter um período em que lucra muito e outro em que lucra pouco. O que ela não pode é repassar isso para o consumidor", diz a advogada. "As empresas gostam de falar dos custos que têm, mas não falam que também têm muitos lucros."

 

Fonte: UOL