Endividamento alto favorece mercado de cartões pré-pagos

17/09/2014

O alto grau de endividamento dos brasileiros em cartões de crédito e a necessidade de pequenas empresas e indivíduos de gerir melhor suas finanças estão alavancando o mercado de pagamentos eletrônicos — formado por empresas de tecnologia que oferecem tanto cartões (que podem ou não vir junto com linhas de crédito e produtos de seguro) quanto soluções de pagamento móvel. 

 

“O cartão pré-pago é uma solução para controle de gastos e não exige comprovação de renda. Além disso, pode ser usado por quem não tem conta em banco ou já está endividado”, diz Claudio Torck, diretor de negócios da EcommerceCard, que emite cartões pré-pagos com a bandeira Mastercard. A participação do saldo dos cartões de crédito em relação ao volume total de crédito de recursos livres à pessoa física subiu de 17,8% para 19,1%, entre julho de 2013 e julho de 2014, quando atingiu R$ 145 bilhões, segundo os últimos dados do Banco Central (BC). 

 

A EcommerceCard, criada no início de 2012, vê um grande potencial de crescimento para o negócio — além do alto endividamento há, ainda, o baixo índice de bancarização da população brasileira. O executivo estima terminar o ano com 200 mil cartões, e faturamento de R$ 15 milhões. 

 

Ontem, o EcommerceCard passou a aceitar recarga por meio de depósitos identificados, que podem ser realizados em agências dos bancos credenciados, dispensando o uso da internet e impressão de boletos. “Isso vai ajudar a popularizar o produto. Em cinco anos, acreditamos que teremos 800 mil”, diz Torck. Além do depósito identificado, o executivo aposta em novas parcerias como a fechada recentemente como uma casa de shows em Brasília - onde os ingressos serão cartões pré-pagos emitidos pela EcommerceCard. “Também estamos finalizando ações de marketing com dois artistas famosos”, informa Eric Andrade, sócio da empresa. 

 

A EcommerceCard informa que vai passar em breve a aceitar pagamentos via telefone: “Na Itália, pagamento móvel é isso. Você liga, cai em um call center e autoriza o débito. É mais popular do que aplicativo e mais seguro que SMS”, diz Andrade. A empresa também está em vias de abrir filial na Colômbia. 

 

A Payleven, uma “sub-credenciadora” de estabelecimentos que aceitam cartões, aposta em leitores que, emparelhados a smartphones, possibilitam o recebimento de plásticos tanto por autônomos como bares, restaurantes e pousadas - exatamente porque é uma opção mais barata e menos burocrática, segundo Adriana Barbosa, que trouxa a Payleven para o Brasil. “Temos contrato com grandes credenciadores como Cielo e Rede, e fazemos a intermediação.

 

Somos nós que administrando o relacionamento com um mundo de pequenos que as grandes não querem”, diz. “Por isso, a mensalidade do dispositivo e as taxas por transação que cobramos ainda saem mais baratas para esse público do que o aluguel das maquininhas e as taxas cobradas pelas grandes empresas”, afirma. A Payleven acaba de lançar um dispositivo que lê chip e senha. Adriana informa, também, que está prestes a oferecer uma plataforma integradora para ajudar os clientes a gerir o negócio, diz a jovem empresária formada em administração pela FGV de São Paulo. 

 

O mercado de pagamentos eletrônicos está mais movimentado e concorrido desde que o BC lançou um novo marco regulatório para o setor, no final do ano passado. Participantes estarão reunidos em São Paulo hoje e amanhã para discutir esse e outros temas durante a 10ª edição do congresso conhecido como C4.

 

Fonte: Brasil Econômico