Construção terá baixo crescimento neste ano e estagnação em 2015

25/11/2014

O setor de construção civil terá crescimento entre 0% e 0,5% neste ano, mas em 2015 deve ficar estagnado, segundo estimativa divulgada nesta segunda-feira (24) pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). A retomada para o setor é esperada apenas para 2016.

 

Os principais motivos para esse resultado ruim são o cenário macroeconômico atual, imposto pelo baixo nível da atividade, a desaceleração do consumo das famílias e do crédito disponível e queda no nível do emprego. "A cadeia de produção da construção civil tem um ciclo de entre dois e três anos, portanto, os resultados ruins hoje são reflexo de do desaquecimento do setor de dois anos antes", disse Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da Fundação Getulio Vargas.

 

A melhora esperada para o ano de 2016 está prevista com base nos contratos de infraestrutura realizados em 2013, apoiada principalmente em obras de logísticas do governo federal, como ampliação de ferrovias e melhorias em rodovias em todo o País.

 

A expectativa é que haja ainda uma queda na produção de materiais de construção de mais de 5% neste ano, e crescimento nulo na cadeia de insumos. Para 2015, a previsão é de caia 1,5% na produção de materiais de construção.

 

O nível do emprego na construção deve fechar esse ano com queda de 0,3%, puxado pelo recuo de 0,76% segmento imobiliário de janeiro a outubro deste ano. 

 

"Não são números empolgantes, mas trazem em si aspectos positivos que devem ser ressaltados. Esperamos uma mudança na expectativa após um compromisso [a ser assumido] do governo com as metas de inflação e ajuste fiscal", disse Ana Maria.

 

Já o mercado imobiliário deve prosseguir ainda em fase de ajuste, de renda e o consumo das famílias que devem crescer menos. "O setor depende da arrumação de casa da economia brasileira [esperada para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff]. A expectativa hoje não é boa, mas as mudanças que virão podem mudar isso e voltar a dar confiança às empresas e aos consumidores", disse Ana Maria.

 

Segundo dados do Sinduscon-SP, as contratações de obras relacionadas a novos investimentos devem ganhar maior volume somente a partir do segundo semestre do próximo ano.

 

Essas variáveis negativas deverão ofuscar a contribuição positiva de projetos de infraestrutura para o setor, incluindo concessões e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida.

 

"A infraestrutura deve sofrer um pouco em 2016, mas o fato de estar sendo investigada [a contratações e licitações de grandes empreiteiras na operação Lava Jato da Polícia Federal] da forma como está é muito bom a médio e longo prazo para um saneamento do mercado. Existem muitas empresas preparadas, é oportunidade para aparecerem outras empresas que já tem know-how e muitas vezes realizam serviços como subcontratadas", disse José Ferraz Neto, presidente do Sinduscon-SP.

 

Fonte: IG