20 mil fecham rodovias em protesto do setor de cana

28/01/2015

Um protesto contra a crise do setor sucroenergético reuniu trabalhadores, empresários e políticos na cidade de Sertãozinho, interior paulista, na manhã desta terça (27).

 

O ato, que segundo a PM teve adesão de quase 20 mil pessoas, bloqueou as rodovias de acesso ao município e fechou parte do comércio local. Sindicatos de metalúrgicos, associações de plantadores de cana-de-açúcar e representantes de comércios de 45 cidades do interior aderiram à manifestação, que cobrou do governo Dilma Rousseff medidas para incentivar o consumo do etanol.

 

Os organizadores preparam uma marcha em Brasília para pressionar a União a sancionar a medida provisória, aprovada pelo Senado em agosto, que eleva o percentual de etanol na gasolina.

 

"Nós nos desenvolvemos com o Proálcool e estamos vendo o governo federal jogar fora 40 anos de investimento", disse o prefeito Zezinho Gimenez (PSDB).

 

No ano passado, o setor metalúrgico, alicerce da economia local, registrou 3.200 demissões, segundo Samuel Marqueti, presidente do sindicato dos metalúrgicos.

 

Já o Ministério do Trabalho do Emprego contabilizou a perda total de 2.046 vagas, num cenário de 42 mil postos formais existentes.

 

Com a crise, os cofres públicos também foram atingidos: em 2014, o município deixou de arrecadar R$ 18 milhões de ICMS, de um total de R$ 82 milhões.

 

"Produzimos energia elétrica do bagaço da cana e combustível limpo, mas o governo federal nos ignora", disse Manoel Ortolan, que representa plantadores de cana da região.

 

O secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, esteve presente e criticou a falta de políticas públicas para o setor.

 

CRISE

O emprego no setor de refino de petróleo e produção de álcool, aferidos conjuntamente pelo IBGE, caiu 7,7% de janeiro a novembro de 2014, dado mais recente disponível.

 

Intensivo em mão de obra, o setor de açúcar e álcool é um dos principais responsáveis pela queda de 6,1% das vagas na indústria paulista.

 

O setor sofre com a seca e, em 2014, foi afetado pelo freio no preço da gasolina enquanto o petróleo subia no exterior. O reajuste da Petrobras só veio no fim do ano, quando o preço internacional do produto recuava.

 

Fonte: Folha de S.Paulo