Após chuvas, Estação Barra Funda tem quebra-quebra e fogo

26/02/2015

A tempestade da tarde desta quarta-feira, 25, na capital paulista causou uma morte, o maior índice de congestionamento do ano e transbordou córregos e rios em quatro bairros. Na Estação Barra Funda, na zona oeste, houve depredação de trens, catracas e bilheterias por causa da paralisação do serviço. A Polícia Militar usou balas de borracha e duas pessoas ficaram feridas. 

 

Em Santa Cecília, na região central, um homem morreu ao descer de seu veículo que acabara de ser atingido pela fiação elétrica, rompida pela queda de uma árvore. Ele iria para uma entrevista de emprego na Rua Tupi, mas foi eletrocutado.

 

A lentidão na Linha 3-Vermelha do Metrô e a paralisação da Linha 7-Rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) lotou o Terminal Barra Funda, onde cerca de 50 usuários, com o rosto coberto, passaram a destruir a estação. A confusão começou pouco antes das 20 horas.

 

A demora na circulação das composições teria causado o tumulto, segundo os usuários. Os passageiros alegaram que a Linha 7, que vai da Luz, no centro, a Francisco Morato, na Grande São Paulo, estava parada havia quatro horas. De acordo com a CPTM, a circulação dos trens foi suspensa em razão do alagamento nos trilhos entre a Luz e Pirituba, na zona norte.

 

Os manifestantes atacaram máquinas de recarga do Bilhete Único, bilheterias, lâmpadas e catracas. Lixo foi espalhado pelo terminal. Barulho semelhante ao de disparo de arma de fogo foi ouvido. No corre-corre, passageiros ficaram feridos. 

 

Seguranças do Metrô foram acuados pelos manifestantes. O agente de segurança da CPTM Sérgio Gonçalves contou que apenas três guardas faziam a vigilância do local.

 

“Fomos pegos totalmente desprevenidos. Um grupo partiu para cima e não conseguimos conter”, disse. Quatro policiais militares tentaram barrar o protesto, mas até uma moto da corporação foi depredada na estação.

 

No interior de um trem da CPTM, houve um princípio de incêndio. As chamas foram controladas por funcionários. A fumaça se espalhou pelas plataformas. Trens tiveram bancos retirados e vidros quebrados. 

 

A gari Maria Aparecida dos Santos, de 55 anos, testemunhou o ataque. “Eu estava dentro do vagão, sentada, havia mais de três horas. Quando eles anunciaram que o trem ia sair, um grupo de rapazes não deixou a porta fechar. A segurança chegou e começou a confusão. Os policiais que chegaram deram tiro de borracha e um grupo começou a quebrar tudo. Eu caí no chão e me machuquei com os vidros quebrados.”

 

Barulho semelhante ao de disparo de arma de fogo foi ouvido na Estação. Seguranças do Metrô estavam acuados em um canto do terminal e, até as 20h, a Polícia Militar não havia chegado para conter a confusão. 

 

 

O reforço da PM chegou após as 20 horas. A situação só começou a ser normalizada às 20h45, quando os trens voltaram a circular na Linha 7. Como as catracas foram quebradas, o acesso foi liberado gratuitamente aos usuários. Ninguém foi preso, mas duas pessoas ficaram feridas com disparos de balas de borracha. Procuradas, PM e CPTM não foram encontradas para comentar a confusão nem responderam, até as 23 horas, às mensagens enviadas.

 

Passageiros de outra estação, a Tamanduateí, da Linha 10-Turquesa, também enfrentaram superlotação por causa da paralisação dos trens, afetada pelo alagamento da via que liga a Luz a Rio Grande da Serra, no ABC paulista.

 

Caos. Todas as regiões da cidade tiveram uma tarde caótica. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou 294 quilômetros de congestionamento, às 19h, recorde do ano. Segundo a empresa, 91 semáforos queimaram. A Prefeitura contabilizou também 16 quedas de árvores. 

 

Os primeiros alertas emitidos pela Prefeitura foram às 13h30, quando as zonas leste, centro e norte, além da Marginal do Tietê, entraram em estado de atenção para enchentes. Às 16h10, o alerta valia para a cidade inteira.

 

O Corpo de Bombeiros enviou 12 equipes para a zona leste da cidade para ajudar pessoas que ficaram ilhadas, no meio da correnteza, na região da Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Melo, na Vila Prudente. Na Rua José Zappi, na Mooca, uma pessoa foi resgatada de bote. No centro, o Rio Tamanduateí transbordou na frente do Mercado Municipal, mas sem invadir o prédio. Houve enchente também na Avenida do Estado e na Presidente Wilson, na região do Ipiranga. 

 

O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) registrou 26 pontos de alagamento. Em nota sobre o maior temporal na cidade neste ano, a gestão Fernando Haddad (PT) apenas informou que “os córregos da Mooca e do Ipiranga provocaram inundações nas Avenidas Professor Luiz Inácio de Anhaia Melo, do Estado, Presidente Wilson até a região do Parque D. Pedro”.

 

Também choveu no Sistema Cantareira - o índice será divulgado nesta quinta-feira, 26.

 

Fonte: Estadão