Ministro ameaça multar caminhoneiros parados em até R$ 10 mil por hora

27/02/2015

O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, falou na tarde desta quinta-feira, 26, sobre a greve dos caminhoneiros. Segundo Cardozo, medidas serão tomadas contra os caminhoneiros que desrespeitarem o acordo firmado ontem e as liminares obtidas na Justiça. Segundo ele, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai aplicar multas de trânsito para quem estiver obstruindo as vias e, identificados os motoristas, eles terão de arcar também com as multas emitidas pela Justiça contra o movimento, que vai de R$ 5 mil a R$ 10 mil por hora, a depender da estrada. Na avaliação de Cardozo, desde o pico do movimento, houve uma redução dos bloqueios.

 

Na visão dele, houve uma redução do movimento desde que um acordo foi assinado na madrugada de hoje. Ele admitiu, no entanto, que houve dificuldade para identificar os líderes e foi preciso se criar um processo de diálogo. "O governo manifestou o desejo de não só tomar as medidas possíveis como realizar diálogos", observou.

 

Ele classificou as reuniões de ontem entre caminhoneiros, empresários e governo como "muito importantes e significativas". "A pauta que era apresentada pelos caminhoneiros foi atendida em sua maioria", afirmou. O governo, porém, não cedeu em relação ao preço do diesel - a categoria pedia a redução em R$ 0,50 e obteve apenas o congelamento do valor atual.

 

Questionado sobre os possíveis prejuízos econômicos, ele afirmou que é impossível, neste momento, mensurar as perdas, mas explicou que há relatos de problemas com abastecimento de combustível, entrega de medicamentos e circulação de pessoas.

 

Caminhoneiros autônomos. Três caminhoneiros integrantes do chamado Comando Nacional do Transporte, que afirma representar motoristas autônomos em greve, estiveram nesta tarde no Palácio do Planalto para exigir uma audiência emergencial com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto. O grupo foi excluído das conversas coordenadas por Rossetto na última semana. O pedido foi registrado momentos antes de Cardozo conceder a entrevista coletiva.

 

O grupo afirma que o acordo fechado ontem com sindicatos de caminhoneiros não será aceito e ameaça parar carros de passeio nas estradas, o que não foi feito até agora. "Estamos organizados em aproximadamente 100 líderes espalhados em cerca de 128 pontos pelo Brasil. E a adesão não para de crescer. Já há disposição de bloquear veículos de passeio", afirmam, em nota entregue no Palácio do Planalto. Apesar da ameaça, o grupo acena que há disposição para conversar com o governo. Os caminhoneiros que estiveram no Planalto foram Ivar Schmidt, Márcio José Correa e Celso Dal Bosco. Segundo o líder do grupo, Schmidt, as três propostas do governo apresentadas ontem não atendem às demandas da categoria.

 

Investigação. O Ministro da Justiça também afirmou que a Polícia Federal vai investigar denúncias de que empresários estejam incitando o movimento de paralisação dos caminhoneiros. Ele disse que "há notícias de diversos ilícitos" e que eles serão apurados pela Polícia Federal.

 

"Pedi que a Polícia Federal dê prioridade a esses inquéritos. Pessoas estão sendo impedidas de circular e há também proprietários de empresa que estão tentando liderar o movimento", explicou o ministro. "A sociedade não pode sofrer esse tipo de situação", ponderou.

 

Estavam presentes na coletiva a secretária Nacional de Segurança Pública do Ministro da Justiça, Regina Miki, o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e a diretora-geral da Polícia Rodoviária Federal, Maria Alice Souza.

 

Fonte: Estadão