Em ritmo lento, túnel para ônibus vai atrasar

20/05/2015

A construção do primeiro túnel exclusivo para ônibus em São Paulo, projetado para interligar a Radial Leste ao Terminal Parque Dom Pedro, está parada. Menos de seis meses após o início, não há operários trabalhando no canteiro de obras, e a Prefeitura já admite rever o prazo de conclusão, inicialmente estipulado para novembro de 2016.

 

Orçado em R$ 150 milhões, o túnel de cerca de 700 metros de extensão foi anunciado pelo prefeito Fernando Haddad (PT) em outubro do ano passado. A maior parte dos recursos para execução da obra deve vir do Programa de Aceleração do Crescimento para a área de mobilidade (PAC Mobilidade Urbana), do governo federal. A Prefeitura, no entanto, alega atrasos no repasse das verbas que serviriam para pagar as empresas contratadas.

 

O túnel integra o projeto chamado Corredor Radial Leste Trecho 1, que tem 12 quilômetros de via segregada para ônibus entre a Estação Vila Matilde, da Linha 3-Vermelha do Metrô, até a altura do Parque Dom Pedro, na região central.

 

O investimento total previsto é de R$ 455 milhões, dos quais R$ 15 milhões representam a contrapartida da Prefeitura. A via, que aproveitará parte de uma estrutura subterrânea inutilizada pela Companhia do Metropolitano, com extensão de 150 metros, vai levar os veículos que saem da Radial direto para o terminal.

 

A passagem subterrânea terá uma faixa em cada sentido, além de uma área central de segurança, caso algum ônibus apresente falhas. Em comparação com o acesso atual dos coletivos que saem ou chegam ao Parque Dom Pedro para a Radial, a Prefeitura estima que o túnel tornará o trajeto 20 minutos mais rápido.

 

Crise. A São Paulo Obras, empresa da Prefeitura responsável pelo gerenciamento do contrato, citou a crise econômica atual para justificar o ritmo das escavações. “Todas as obras com recursos do PAC estão em ritmo bem lento. O túnel tinha a previsão de término para o fim de 2016. No entanto, com a crise econômica que ocasionou a suspensão de recursos e a diminuição do ritmo das obras, esse prazo pode ser estendido”, informou a empresa.

 

A reportagem do Estado esteve no local na tarde da sexta-feira passada e constatou que o “ritmo lento” da construção admitido pela empresa significava, de fato, a paralisação completa das obras.

 

Não havia ninguém nos terrenos cercados pelos tapumes metálicos e pessoas que passam diariamente pelo local confirmaram que não há movimento de operários nem de máquinas há pelo menos dois meses. Algumas das cercas de proteção estão pichadas e outras não oferecem segurança.

 

Providências. A SPObras confirmou a ausência de trabalhadores no canteiro, mas disse que o ritmo citado se refere à tomada de providências burocráticas, como licenças, e também ao manejo arbóreo. As medidas, de acordo com a empresa, continuam ocorrendo.

 

O Ministério das Cidades foi procurado pela reportagem, na sexta-feira e nesta terça, mas não deu informações sobre o atraso nos repasses para a obra do túnel para ônibus. 

 

Fonte: Estadão