Cai aluguel novo de residências de 2 ou 3 quartos em São Paulo

20/05/2015

Apenas aluguéis novos de residências de 1 dormitório tiveram alta dos preços em São Paulo, quando considerado um período de 12 meses terminado em abril.

 

A locação desse tipo de imóvel subiu 5,29% no período e foi a única que superou o índice de inflação usado como referência no setor, o IGP-M, que teve alta de 3,55%.

 

Residências de dois dormitórios tiveram queda de 0,12%, e as de 3 dormitórios, de 1,60% nesse período.

 

Os dados foram divulgados pelo Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário) nesta terça (19). Segundo especialistas, o cenário abre espaço para quem tem contratos antigos renegociar ajustes.

 

No geral, os contratos de aluguel são fechados por um período de 30 meses, com ajustes anuais que acompanham o IGP-M.

 

Segundo Mark Turnbull, diretor de locação do Secovi-SP, quem paga as contas em dia e mantém o apartamento em bom estado pode argumentar que, como o preço de novos contratos cresceu abaixo do índice, não seria justo cobrar o reajuste integral.

 

"Mesmo se ele não der um ajuste percentual menor, para se proteger de alta da inflação mais para a frente, é interessante tentar uma redução de um valor fechado por um certo período; de R$ 100, por exemplo", recomenda.

 

Ele diz, no entanto, que os índices médios de ajuste não são aplicáveis para quaisquer regiões. Áreas bem servidas de escolas e hospitais tendem a ter ajustes mais próximos da inflação.

 

Outra alternativa é aproveitar para pedir reformas no imóvel, por exemplo.

 

Na média da cidade, o aluguel subiu menos que a inflação do setor: 1,47%. Essa defasagem ocorre desde agosto de 2014 (veja gráfico).

 

MEDO DO DESEMPREGO

"Os níveis de desemprego começando a crescer, a desaceleração na indústria e a expectativa sobre os cortes do governo geram essa reação do mercado imobiliário", avalia o diretor do Secovi.

 

Outro indício de que está mais complicado para locatários encontrar inquilinos é o intervalo em que um imóvel vago demora para ser alugado, atualmente de 15 a 40 dias --o maior da série desde janeiro de 2008. A média é menor para casas (15 a 37 dias) do que para apartamentos (23 a 47 dias).

 

"As pessoas estão assustadas com a possibilidade de perder emprego, e os preços do aluguel tendem a cair mais por falta da procura do que por outro motivo", afirma Ricardo Gilius Ferreira, sócio de uma imobiliária da zona oeste de São Paulo.

 

"O proprietário está resguardado pelo contrato e pode ajustar o aluguel pelo IGP-M para ganhar R$ 200 a mais, por exemplo. Mas o inquilino pode ir a qualquer momento para um imóvel mais barato."

 

Para ele, inquilinos também têm se beneficiado da popularização de cláusulas no aluguel que permitem deixar de lado a obrigatoriedade de ficar 30 meses no imóvel, ou ao menos abatem a multa cobrada quando o locatário sai antes do fim do período combinado.

 

Fonte: Folha de S.Paulo