Obama lança plano contra efeito estufa

04/08/2015

Sob críticas e ameaças judiciais, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lançou nesta segunda-feira (3) um plano para reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa e enfrentar as mudanças climáticas, uma ameaça que ele considerou mais perigosa que guerras e crises econômicas.

 

O Plano de Energia Limpa, como foi intitulado, é o mais ambicioso do país até hoje para enfrentar o aquecimento global ao impor um limite na emissão de carbono por usinas termoelétricas movidas a carvão.

 

Até 2030, as usinas deverão reduzir em 32% a emissão de carbono em relação aos níveis de 2005.

 

Além disso, o governo americano pretende incentivar o uso de fontes de energia renovável, como a solar e a eólica, em substituição à produzida pela queima de combustíveis fósseis, mais poluente.

 

Cada Estado americano terá metas específicas e deverá entregar à Casa Branca um plano de implementação até 2018, mas a oposição republicana orientou líderes estaduais a ignorarem as metas.

 

Segundo o jornal "The New York Times", até 25 unidades federativas poderão entrar com uma ação coletiva contra o governo federal

 

DISPUTA POLÍTICA

A oposição afirma que o plano prejudicará a população mais pobre e traz riscos à economia.

 

Há setores que questionam a existência do aquecimento global e a responsabilidade da ação humana sobre tal efeito climático.

 

Os republicanos contam com o apoio da indústria tradicional, cuja matriz energética é largamente baseada na usina movida a carvão.

 

Se sobreviver aos processos judiciais, o plano poderá causar o fechamento de centenas de usinas.

 

Em anúncio na Casa Branca, o presidente democrata desqualificou as críticas, que chamou de repetitivas e fracassadas. "Toda vez que os EUA fazem progresso fazem a despeito dessas críticas."

 

"A ideia não é nova nem radical. O que é novo é que Washington está começando a seguir a visão do resto do país", afirmou Obama, ao se referir a iniciativas de empresas e Estados para enfrentar as mudanças climáticas.

 

Em vídeo publicado no Facebook no fim de semana, o presidente havia afirmado que aquecimento global "não é opinião, é fato".

 

O governo enumera benefícios do plano, como melhoras na saúde da população e a criação de empregos.

 

LEGADO

Esse é mais um ato entendido como parte do esforço de Obama em defesa de seu legado e deverá pautar a campanha presidencial e o debate internacional sobre as mudanças climáticas.

 

A quatro meses da COP 21, a cúpula global sobre o clima em dezembro, Obama expressou intenção de pressionar outros países a adotarem metas próprias. Ele disse, por exemplo, que a China só o faz porque os EUA o fizeram.

 

Obama e Dilma Rousseff anunciaram um plano conjunto no fim de junho, na visita da presidente aos EUA. O anúncio foi considerado tímido pela maioria dos especialistas –o Brasil não tem metas para cortar gases-estufa.

 

Com quase 200 países, a COP 21, em Paris, visa fixar metas contra a mudança climática. Especialistas são céticos sobre seu sucesso.

 

Fonte: Folha de S.Paulo