1 em cada 4 dentistas já foi vítima de roubo ou furto, diz pesquisa

01/09/2015

Pouco mais de dois anos após dois dentistas serem queimados vivos durante assaltos aos seus consultórios, a violência contra esses profissionais continua sendo algo comum. Pesquisa inédita do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) mostra que um em cada quatro dentistas do Estado foi furtado ou roubado nos últimos cinco anos em seu ambiente de trabalho.

 

Levantamento feito pela entidade com cerca de mil profissionais de São Paulo mostra que o furto é o crime mais cometido. Do total de entrevistados, 19,2% já foram vítimas desse delito. Outros 8,7% foram roubados. A pesquisa revela que 13,1% sofreram assédio e 6,8%, agressão. “Essa pesquisa faz parte de uma tentativa do conselho de mapear os tipos de crimes mais comuns e os motivos que fazem os dentistas serem visados. A percepção é de que, para os criminosos, os dentistas são alvos mais vulneráveis porque trabalham em ambiente fechado, o que dificultaria um pedido de socorro”, diz Claudio Miyake, presidente do Crosp.

 

Em abril de 2013, a dentista Cinthya Magaly Moutinho, de 47 anos, foi morta em seu consultório, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, durante um assalto. Os ladrões atearam fogo na vítima. Um mês depois, a tragédia se repetiu no consultório de Alexandre Peçanha Gaddy, de 41 anos, em São José dos Campos, no interior.

 

Após as mortes, o Crosp colocou à disposição de seus associados um aplicativo que funciona como um botão do pânico - quando acionado, manda um alerta à rede de contatos do profissional. “Agora, levamos os resultados da pesquisa para conhecimento do delegado-geral da Polícia Civil. Mas, para que a polícia faça melhor o trabalho de investigação desses crimes, precisamos que eles sejam registrados. Muitos dentistas ainda não fazem o boletim de ocorrência”, diz Miyake.

 

A pesquisa mostra que só 31% das vítimas de furto procuraram a polícia. No caso dos roubos, o índice é de 78%. Após ter sido roubada e furtada três vezes, a dentista Cleide Cardoso, de 57 anos, passou a ser mais criteriosa ao escolher pacientes. “Meu consultório não tem placa, só atendo com horário marcado e não agendo pacientes sem indicação de conhecido.”

 

A Secretaria da Segurança informou que a polícia prendeu os assassinos de Cíntia e Gaddy e está à disposição do Crosp para dialogar sobre como aprimorar a segurança da classe.

 

Fonte: Estadão