Comércio aposta na Black Friday para salvar o Natal

02/09/2015

Com a expectativa de que os preços de computadores, smartphones, tablets e outros eletrônicos subam até 10% em dezembro, a indústria vai centrar esforços para salvar as vendas de Natal deste ano na Black Friday, promoção que virou tradição em novembro.

 

O aumento nos preços, calculado pela Abinee (associação do setor), baseia-se no retorno da cobrança de 9,25% de PIS/Cofins, que passará a incidir sobre a maior parte dos varejistas do setor.

 

O tributo havia sido zerado pelo programa de inclusão digital, criado em 2005, no governo Lula. A isenção foi o principal alvo do pacote anunciado pelo governo federal para arrecadar R$ 11,3 bilhões em 2016 (veja detalhes abaixo).

 

A medida passa a valer em 1º de dezembro, a poucas semanas do Natal. A partir dessa data, acaba a isenção de PIS/Cofins para computadores, tablets, smartphones, modens e roteadores. As alíquotas são de 3,65% ou 9,25%, dependendo do sistema de tributação do varejista, que paga o tributo sobre suas receitas.

 

O órgão diz que o aumento de preços será bem inferior ao anunciado pelos fabricantes, já que as alíquotas incidem sobre a diferença do preço entre a indústria e o varejo.

 

A nova tributação é parte de medida provisória publicada pelo governo e precisa ser aprovada pelo Congresso.

 

Com o fim do benefício fiscal, a Receita Federal esperar obter R$ 6,7 bilhões no ano que vem.

 

Em 2014, o setor de bens de informática faturou R$ 18,5 bilhões, mas a previsão para o segundo semestre deste ano, antes da elevação de tributos, já era de queda de 15% em relação ao mesmo período do ano passado. Com preços maiores, a expectativa é que as vendas caiam até 25%, segundo a Abinee.

 

No primeiro semestre, as vendas de telefones celulares já registraram queda de 17% em relação a igual período do ano passado.

 

No final do ano passado, a presidente Dilma havia prorrogado o programa de inclusão até 2018, mas a necessidade de arrecadação levou a nova equipe econômica a sugerir o fim do benefício.

 

CONTRABANDO E PIRATARIA

Para o governo, os principais objetivos do programa –redução dos preços dos produtos de informática e combate ao contrabando– já foram alcançados nos dez anos em que o programa vigorou.

 

Já para a indústria, outro reflexo que a extinção do programa de inclusão de digital deve trazer ao setor é um aumento da concorrência com montadores ilegais, que em 2004 representavam 73% das vendas no país.

 

"A partir da Lei do Bem, a participação dos computadores comercializados nesse 'mercado cinza', foi diminuindo até chegar aos 14% atuais. É natural que esse número volte a subir", diz Humberto Barbato, presidente da Abinee.

 

Fonte: Folha de S.Paulo