Contra crise, Azul corta preços de voos aos EUA e prevê crescimento menor

09/10/2015

A crise econômica e a alta do dólar fizeram a companhia aérea Azul pisar no freio e reduzir o seu ritmo de expansão em 2015. No mercado brasileiro, em vez de encerrar o ano com crescimento de 15% na oferta de assentos em voos domésticos, a companhia agora prevê expansão de 3,8%. Em voos internacionais, a empresa também revisou seus planos de expansão e se viu obrigada a reduzir em cerca de 50% seus preços em dólar.

 

“Com a nossa frota, poderíamos expandir em 15% a nossa oferta. Mas nossos aviões estão voando menos e não vamos crescer nem 4%. Isso não nos deixa felizes”, afirmou nesta quinta-feira a jornalistas o presidente da Azul, Antonoaldo Neves, após apresentar, no Aeroporto de Viracopos a nova configuração interna do avião A330, que foi reformado para melhorar o serviço oferecido nos voos internacionais da empresa. 

 

A Azul vai encerrar o ano com a frota estável, de cerca de 140 aeronaves, mas poderia ter expandido, segundo Neves. A companhia continuou a receber aviões da Embraer e da Airbus neste ano, mas enxugou o portfólio com a venda de 14 turboélices ATRs e cinco jatos Embraer 175, que eram da Trip, adquirida pela Azul em 2012. 

 

Ao contrário das líderes Gol e TAM, que começaram a enxugar sua oferta em 2012, a Azul mantinha um ritmo acelerado de expansão, movimento que fez a empresa atingir uma participação de 17% no mercado de voos nacionais em agosto, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). 

 

Assim como as demais companhias aéreas brasileiras, a Azul sofreu um choque de custos com a alta do dólar. Cerca de 60% das despesas do setor, como o querosene de aviação e as peças das aeronaves, são cotadas na moeda americana.

 

A alta do dólar também tornou a viagem para o exterior mais cara para os brasileiros e afetou a demanda por voos internacionais. Para não ficar com o avião vazio, a Azul teve de reduzir os preços dos seus voos. Quando estreou o rota Viracopos - Fort Lauderdale, em dezembro passado, Neves lembra que os preços partiam de US$ 800 ida e volta, algo que custava aos brasileiros cerca de R$ 2 mil com o dólar a R$ 2,60. Hoje, os preços partem de US$ 400 e, mesmo com o dólar a R$ 4, o custo s caiu para cerca de R$ 1,6 mil.

 

Com a queda de preços e a alta de custos operacionais, os voos internacionais da Azul são “marginalmente” lucrativos, diz Neves. “Nosso plano de negócios é que a operação seria lucrativa em um ano. Mas, neste ano, tivemos meses como janeiro, fevereiro e março que foram lucrativos. Mas abril não foi, nem agosto”, explica.

 

Com o resultado comprometido, a empresa cancelou os planos de voar de Guarulhos para Orlando a partir de dezembro e colocou na geladeira os planos de voar para Nova York. 

 

Retrofit. A Azul comprou sete aviões Airbus A330 para fazer seus voos internacionais. Os aviões são usados e foram reformados para receber uma nova configuração interna, dentro dos padrões de serviço da companhia. O primeiro modelo reformado foi apresentado nesta quinta-feira à imprensa e começa a voar hoje para os Estados Unidos. 

 

O novo avião tem três classes de assento - além de executiva e econômica, há uma que oferece espaço extra na classe econômica, como já ocorre nos voos nacionais. Há, até o momento, dois aviões reformados e outros dois em fase de adaptação. A Azul comprou também no ano passado cinco jatos A350, que serão entregues em 2017.

 

Para lembrar. A TAM e a Gol anunciaram novos planos de redução de oferta este ano, diante da piora no cenário econômico. Em julho, a TAM informou que pretendia enxugar até 10% da sua malha doméstica e reduzir em 2% o seu quadro de funcionários. Na sequência, a Gol anunciou em agosto um corte entre 2% e 4% na sua oferta de voos no segundo semestre deste ano. Ambas disseram que iriam reduzir a oferta de assentos com diminuição de frequências, mas que manteriam o serviço em todas as cidades atendidas. A decisão é parte de uma estratégia para recuperar a rentabilidade das empresas, cortando voos deficitários.

 

Fonte: Estadão