Todos contra o Aedes aegypti

21/01/2016

Não é mais apenas prioridade absoluta do Brasil fortalecer o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya, e do zika vírus. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o mosquito já está presente em praticamente toda a América Latina e no Caribe. O primeiro caso do zika vírus foi registrado no Brasil no ano passado e se propagou por todo o continente de forma muito rápida. Por enquanto, só não foi confirmada a presença do Aedes aegypti no Canadá e em partes do Chile. 

 

Segundo especialistas, o continente é um nicho perfeito  para o mosquito. Assim, o zika vírus é o novo temor da população brasileira. De acordo com uma pesquisa feita por cientistas do Paraná e divulgada na quarta-feira (20), ele é capaz de atravessar a placenta de gestantes. O vírus acaba provocando a microcefalia, uma condição rara na qual o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal.

 

A doença provocada pelo zika virus tem sintomas leves, como febre baixa e dor muscular. Por isso, podem muitas vezes até passar despercebida pelas gestantes, que costumam não se sentir confortáveis. Mas é gravíssima. Já foram registrados no Brasil, entre outubro de 2015 e este mês, mais de 3.500 casos de microcefalia. É o maior período de incidência do vírus zika. Os Estados Unidos, por exemplo, alertaram as grávidas para que evitem viajar a 14 países da América Latina e do Caribe, incluindo o Brasil.

 

A situação é tão delicada que o Ministério da Saúde declarou estado de emergência em saúde pública no País por causa do aumento de casos de microcefalia no Nordeste. O governo chegou a lançar uma campanha para preparar e treinar melhor médicos, enfermeiros e agentes capacitados para identificar onde o mosquito está presente.

 

Mas a população também é responsável pelo combate ao Aedes aegypti. De nada adianta uma ampla ação nacional, envolvendo a União, os estados, os municípios unindo esforços, se cada um não buscar, todos os dias, dentro de casa ou no trabalho, focos que possam ser criadouros do mosquito. 

 

A sociedade precisa se mobilizar no combater ao Aedes aegypti e fazer uma varredura para acabar com pontos de água parada, ambiente propício para a proliferação do mosquito. O descuido do governo e da população fez com que o o Brasil tivesse 1,5 milhão de casos prováveis de dengue no ano passado, um aumento de 176% em relação a 2014, de acordo com especialistas.

 

O verão é o período mais crítico. Para piorar, muitas pessoas têm estocado água em casa por causa da crise hídrica. Nessa hora, é preciso ter consciência para atravessar esse período até a chegada do inverno, época em que as chuvas costumam diminuir. A luta contra o Aedes aegypti é de todos. Já não depende apenas do Brasil, mas de todos os países do continente e até do Caribe.

 

Ricardo Patah é presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da União Geral dos Trabalhadores (UGT)