Sabia que o trânsito de São Paulo melhorou?

14/08/2017


O trânsito em São Paulo melhorou nos últimos anos apesar do aumento da frota. Estudo divulgado na semana passada pela CET mostra que a lentidão caiu 12,7% em 2016 em relação a 2015. No mesmo período, o número de veículos registrados na capital aumentou 2,6%.

 

O resultado mostra que é possível diminuir o número de carros nas ruas mesmo com o crescimento da frota, que é tendência global.

 

A melhora na fluidez mantém tendência de queda que já se manifestara no ano anterior (quando a redução tinha sido de 11%). O estudo compara dados dos dois últimos anos da gestão de Fernando Haddad (2013-2016).

 

Há várias hipóteses para explicar o aumento da velocidade média na capital. O consultor de trânsito Sérgio Ejzenberg, ouvido pela imprensa, aponta a crise econômica como principal responsável: a queda na atividade reduz a necessidade de ir e vir de pessoas e mercadorias. Como estamos sob efeito da mais profunda recessão, é natural que ela seja a primeira "suspeita".

 

Mas a economia não explica tudo. Os efeitos da contração se tornaram visíveis em 2015 (em 2014, Dilma Rousseff convenceu o eleitorado de que não havia crise) e a melhora do trânsito paulistano já vinha de antes: entre 2014 e 2013, a lentidão oscilou +2%, em quase estabilidade.

 

Não é possível afastar a contribuição das medidas de gestão da mobilidade, tais como as restrições ao uso do carro com a criação das faixas de ônibus e ciclovias; a redução dos limites de velocidade para 50km/h, que tende a aumentar a velocidade média; e o incentivo ao uso de transporte público e mobilidade ativa (como a bicicleta ou a caminhada).

 

Por fim, desde 2014 ocorreu a revolução tecnológica dos aplicativos de mobilidade. De um lado, o Waze e o Google indicam caminhos para motoristas fugirem dos gargalos; de outro, apps como Uber, 99 e Cabify, cresceram muito no período promovendo o compartilhamento de veículos. Entre os que adotam esta novidade, há um percentual de pessoas que passam a deixar o carro particular em casa.

 

Outro dado da pesquisa apontou uma estabilidade no desrespeito ao rodízio de veículos: 10% pela manhã e 16% no final do dia. A diferença entre os dois períodos, já presente nos anos anteriores, revela que muitas das pessoas que saem de casa após o rodízio matinal esquecem ou tentam burlar a restrição no período da tarde.

 

Esse crescimento do desrespeito no fim do dia é um argumento usado por quem defende que a restrição deveria durar das 7h às 20h e não apenas três horas de manhã e três à tarde.

 

As informações da CET relativas aos primeiros meses da nova administração de João Dória não podem ser comparadas ao estudo divulgado, que usa estatísticas do ano inteiro. Os dados parciais divulgados aqui e ali são contraditórios. Há tanto sinais de continuidade da tendência de melhora na cidade como um todo quanto outros que apontam o crescimento dos congestionamentos nas marginais desde o início do ano, quando subiram os limites de velocidade.

 

Para entender o trânsito da cidade, além dos dados completos de 2017, em 2018 teremos os resultados da pesquisa Origem e Destino, liderada pelo metrô, que vai medir pela primeira vez o conjunto das muitas novidades dos últimos anos. Então teremos um retrato precioso do que aconteceu e um mapa para guiar o futuro da mobilidade na Grande São Paulo.

 

Fonte: Folha de S.Paulo