Soja brasileira ganharia US$ 2,7 bi com briga comercial

13/04/2018


As exportações de soja dos Estados Unidos à China podem cair em até dois terços se Pequim levar diante sua proposta de uma tarifa de 25% sobre a commodity, de acordo com um estudo por acadêmicos da Universidade Purdue, em Indiana.

 

As tarifas significariam que as exportações de soja dos Estados Unidos cairiam em 37%, com um impacto superior a US$ 3 bilhões ao ano sobre a economia americana, concentrado em áreas rurais, de acordo com o estudo.

 

"Os Estados Unidos sofreriam uma redução de bem estar econômico da ordem de US$ 3,1 bilhões por ano. Coincidentemente, é a mesma perda que a China sofreria", disse o professor Tyner, apontando que o benefício econômico para o Brasil seria de US$ 2,7 bilhões ao ano. "Se a China impuser essas tarifas, o verdadeiro ganhador é o Brasil".

 

Os agricultores e negociantes americanos estão ansiosos quanto à disputa comercial entre Washington e Pequim --e uma análise de dados conduzida pela Universidade Purdue, conhecida por suas pesquisas sobre a economia agrícola, sugere que o impacto pode ser maior do que alguns analistas antecipam até o momento.

 

A pesquisa se baseia no impacto em médio prazo das tarifas chinesas de importação, sob a suposição de que permaneçam em vigor por pelo menos quatro a cinco anos, de acordo com Wallace Tyner, professor da Universidade Purdue e coautor do estudo, realizado em companhia de Farzad Taheripour, professor e pesquisador associado.

 

A China é o segundo maior parceiro comercial do setor agrícola americano, atrás do Canadá, adquirindo US$ 20 bilhões em produtos ao ano. A soja, usada para produzir ração animal, responde por dois terços das exportações agrícolas americanas à China, adiante do algodão e couro bovino.

 

O estudo, solicitado em janeiro e custeado pelo Conselho de Exportação de Soja dos Estados Unidos, foi publicado no mês passado. Os acadêmicos estão atualizando sua análise com a mais recente lista de tarifas propostas por Pequim sobre produtos agrícolas.

 

A tensão aumentou este mês depois que Estados Unidos e China trocaram ameaças de tarifas punitivas sobre US$ 100 bilhões em comércio bilateral. As esperanças dos diplomatas e investidores estrangeiros de que o presidente chinês Xi Jinping anunciasse medidas e reformas para evitar uma guerra comercial, em um discurso esta semana, terminaram frustradas, já que nenhuma concessão foi oferecida.

 

Os negociantes e analistas do setor agrícola estão divididos quanto ao impacto das tarifas sobre a soja. A China é a maior compradora mundial de soja e precisa importar a commodity dos Estados Unidos, o maior produtor mundial, se deseja satisfazer sua demanda.

 

Com a expansão da produção e da área plantada da soja no Brasil e outros países latino-americanos, a dependência chinesa quanto aos EUA cairá acentuadamente, de acordo com o estudo da Universidade Purdue.

 

Fonte: Folha de S.Paulo