Produtores esperam vinho de alta qualidade com uvas da safra histórica de 2018

20/04/2018

O ano de 2018 promete boas surpresas para os apreciadores de vinho. As vinícolas gaúchas, responsáveis por 90% da produção nacional, comemoram a colheita de uma das melhores safras de uva da história.

 

Segundo o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Celito Guerra, as condições climáticas contribuíram para uma fruta de altíssima qualidade.

 

"Temos bastante açúcar, mas não em excesso, o que vai dar aquele teor de álcool que se precisa para um bom vinho", afirma.

 

Ele aponta também para o nível de acidez adequado --no ponto, afirma, o pesquisador, nem mais nem menos.

 

"E, como não teve muita umidade nem temperaturas muito altas, as substâncias aromáticas da videira e da uva não foram degradadas, gerando uma uva perfeita em termos aromáticos", diz Guerra.

 

Como se não bastasse, os vinhos resultantes desta safra prometem ser mais longevos, graças à alta concentração de polissacarídeos e proteínas. Para o pesquisador, a qualidade da fruta colhida neste ano é comparável apenas à de outras quatro safras históricas: 1991, 1999, 2005 e 2012.

 

Os vinicultores estão otimistas com a qualidade da safra, que vem após dois anos de uma recessão que impactou diretamente as vendas, de acordo com Carlos Paviani, diretor de Relações Institucionais do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho).

 

Mas o setor ainda enfrenta desafios para crescer. O maior deles é a popularização do consumo de vinho no Brasil, que é de 1,8 litro por pessoa por ano --na Argentina, o consumo é de 25 litros. Outro é a concorrência externa.

 

Além do produto importado, que responde por 40% do mercado interno, os produtores enfrentam ainda o contrabando e dificuldades logísticas para chegar aos grandes centros consumidores do país.

 

"É quase mais barato trazer vinho da Europa ou do Chile, que vai por navio até São Paulo, do que trazer do Rio Grande do Sul de caminhão até São Paulo", afirma Paviani.

 

O Brasil tem cerca de 1.100 vinícolas distribuídas pelas regiões Sul e Sudeste, em Goiás e no vale do rio São Francisco. Cada região apresenta as suas peculiaridades, segundo Luciana Pich Gomes, da coordenação-geral de Vinhos e Bebidas do Ministério da Agricultura.

 

"Tem empresas gaúchas que também têm produção lá no vale do São Francisco porque eles conseguem fazer um blend [mistura] de vinho com uvas daquela região com as uvas do Sul do Brasil, produzindo um vinho com uma característica mais harmoniosa", afirma.

 

Fonte: Folha de S.Paulo