Lixo provocou a morte de mais de 300 animais em SP nos últimos três anos

25/06/2018


O número de animais marinhos que morrem em decorrência da ingestão de lixo têm crescido nos últimos três anos na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. De acordo com os dados Instituto Gremar, instituição o que integra o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), desde setembro de 2015, 319 animais morreram por causa do lixo na Baixada Santista, o que representa, 11% de todos os animais mortos na região neste período.

 

A ingestão de lixo segue como uma das principais causas de encalhes de animais marinhos resgatados. As espécies de hábito oceânico são as mais afetadas, devido à alta concentração de resíduos em alto mar. Segundo Rosane Fernanda Farah, bióloga responsável pelo Gremar, o número de óbitos em decorrência da ingestão de lixo tem aumentado com o passar dos anos. Em 2016, foram registradas 102 mortes. No ano seguinte, 125. E, até maio deste ano, já foram 23.

 

Desde setembro de 2015, no total, 2.901 animais morreram após serem resgatados ou durante o tratamento e somente 1.465 (21,9%) animais tiveram o diagnóstico final determinado, por conta do estágio de decomposição das carcaças encontradas. Destes, 319 morreram por causa da ingestão de lixo, sendo que 267 (35%) foram quelônios, como tartarugas, cágados ou jabutis, 47 aves e cinco mamíferos.

 

“Tem casos de animais que ingerem pequenas porções e conseguimos fazer com que eles defequem com a ajuda de medicamentos ou estímulos. Mas, outro não. O lixo acaba obstruindo o trato digestivo deles. O animal não consegue defecar o lixo, fica preso no intestino, ele não come mais, fica magro e morre”, explica a bióloga.

 

A incidência maior dos casos envolvendo lixo é nas tartarugas marinhas, principalmente, as tartarugas-verdes (Chelonia mydas). Dos 23 animais mortos neste ano por conta do lixo, 21 são tartarugas. “As tartarugas são animais que se alimentam no costão. Não conseguimos relacionar o local de encalhe com as mortes. Porém, nos locais onde há pesca tem muito lixo como linhas, anzol, coisas que o pessoal acaba jogando no mar. Animais já chegaram aqui com a nadadeira amputada por causa de apetrechos de pesca que ficaram enroscados neles”, conta a bióloga.

 

Para mudar esse cenário, as equipes do instituto realizam ações de educação ambiental semanais com crianças, universitários, empresas, moradores locais e turistas, abordando a conscientização do uso e descarte de lixo e realiza outros a limpeza de praias na região durante o ano todo. “Isso é o reflexo do que vemos nas praias. A destinação do lixo errada nas praias. Má gestão do lixo por todos nós. Usamos a educação ambiental como uma ferramenta para sensibilizar as pessoas e para cada um fazer a sua parte”, finaliza ela.

 

Fonte: G1