Mercado estima rombo de R$ 148 bilhões nas contas do governo em 2018

16/08/2018

Analistas de instituições financeiras reduziram a previsão para o déficit primário das contas públicas neste ano para R$ 148,171 bilhões. A estimativa está no mais recente levantamento feito pelo Ministério da Fazenda e divulgado nesta quinta-feira (16) dentro do chamado "Prisma Fiscal".

 

No levantamento anterior, divulgado em julho, os economistas previam que o rombo das contas públicas neste ano ficaria em R$ 149,642 bilhões.

 

O rombo, ou déficit primário, ocorre quando as despesas do governo superam as receitas com impostos e tributos em um ano. Por ser primário, ele não considera os gastos com pagamento dos juros da dívida pública.

 

A estimativa do mercado financeiro é inferior à meta para o resultado das contas públicas autorizada pelo Congresso e que o governo precisa perseguir neste ano, que é de rombo de até R$ 159 bilhões. Deste modo, os analistas creem que o governo vai conseguir cumprir a meta fiscal de 2018.

 

Para 2019, o mercado financeiro manteve em R$ 123,288 bilhões a previsão para o rombo das contas públicas. A estimativa também segue abaixo da meta fiscal do governo para o ano que vem, que é de déficit primário de até R$ 139 bilhões.

 

Reequilíbrio das contas

Nos últimos anos, o governo teve dificuldade de atingir as metas fiscais por conta do baixo nível de atividade da economia, que saiu da recessão no ano passado. A economia fraca reduzia também a arrecadação do governo.

 

No decorrer de 2017, a economia começou a se recuperar e, junto com receitas extraordinárias vindas de "royalties" do petróleo e de programas de parcelamento de débitos tributários, ajudou a impulsionar a arrecadação federal e a melhorar os resultados das contas públicas.

 

O governo conseguiu aprovar, em 2016, no Congresso uma proposta de emenda constitucional que institui um teto para os gastos públicos por um período de 20 anos.

 

O governo defendia, ainda, a reforma da Previdência Social. Mas, diante da falta de votos e da intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro, o governo desistiu de colocar a proposta em votação.

 

Para melhorar o perfil das contas públicas em 2019, o presidente Michel Temer está avaliando a proposta de adiar por um ano o reajuste salarial dos servidores públicos – algo que foi tentado no final do ano passado, para vigorar em 2018, mas que foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Contas no vermelho

Se o cenário para as contas públicas previsto pelo governo se concretizar, serão pelo menos oito anos consecutivos com as contas públicas no vermelho.

 

O governo vem registrando déficits fiscais desde 2014. Em 2015, o rombo, de R$ 114,9 bilhões, foi recorde e gerado, em parte, pelo pagamento das chamadas "pedaladas fiscais" – repasses a bancos oficiais que estavam atrasados e que, em 2016, somaram R$ 154 bilhões. No último ano, o pagamento somou R$ 124 bilhões.

 

Para 2018, 2019, 2020 e 2021, a meta é de rombos bilionários nas contas públicas. A previsão da equipe econômica é que as contas voltem ao azul somente a partir de 2022.

 

Fonte: G1