Sindicato dos Motoristas retoma parceria com o Hospital das Clínicas

17/08/2018


Perda auditiva, problemas na coluna vertebral, tendinite de ombros e braços e doenças de fundo psiquiátrico. São muitas as enfermidades ocupacionais que acometem motoristas e cobradores, normalmente expostos e jornadas excessivas e ambiente de trabalho insalubre. Diante desse cenário e certo da importância de minimizar os impactos sofridos pela categoria, o Sindmotoristas, entidade filiada a União Geral dos Trabalhadores (UGT) retomou, no último dia 1 de agosto, uma antiga parceria com o Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O acordo visa comprovar os danos provocados aos companheiros por fatores relacionados com o ambiente profissional.

 

“Essa parceria é essencial para que possamos, em cima da cadeira de doenças ocupacionais do Hospital das Clínicas, fazer um estudo sobre as principais doenças que acometem o trabalhador de transporte coletivo de SP. Como as doenças ocupacionais são muito frequentes na categoria, esse convênio nos dá a condição de diagnosticar e estabelecer nexo causal entre o trabalho e algumas doenças que atingem a categoria”, explicou o clínico geral e médico do trabalho do Sindicato, Dr. Kleber Torres Soares.

 

Segundo o especialista, ter o parecer de uma entidade de renome nacional e internacional faz com que o Sindmotoristas possa solicitar a abertura de um Comunicado por Acidente de Trabalho (CAT) pelos empresários e patrões. O documento deve ser preenchido e emitido pelas empresas em caso de acidente de trabalho, de trajeto ou doença ocupacional entre seus funcionários. Em seguida, é enviado para a Previdência Social.

 

“Para abrir, precisamos ter o nexo causal entre o estado de saúde do motorista ou cobrador e o trabalho. Já para que o estudo seja feito, os médicos do trabalho do sindicato encaminham um formulário para o setor de doença ocupacional do Hospital das Clínicas. Às vezes, alguns dos nossos pacientes se beneficiam com um tratamento na instituição, mas basicamente o convênio busca estudar as causas das doenças ocupacionais e caracterizá-las”, disse Soares.

 

Em meados de 1994, por exemplo, quando foi montado o Departamento de Saúde do Trabalhador no Sindicato, essa parceria com o HC permitiu a comprovação de que a perda auditiva dos motoristas estava intimamente ligada ao barulho do motor dianteiro dos ônibus. “Graças a isso, foi aceito pelos empresários”, destacou o médico do Sindicato.

 

A parceria com o Hospital da Clínicas ficou cerca de oito meses paralisada, devido a uma reforma. A partir de agora as doenças ocupacionais são tratadas na Vila Mariana, na Rede de Reabilitação Lucy Montoro.