Consumidor impulsiona cultivo de alimentos associados a boas práticas

03/12/2018

Se há uma conclusão sobre a sustentabilidade no agronegócio que une tanto agentes do setor como ambientalistas, é a de que o consumidor é o principal vetor dessa mudança no campo.

 

Quando analisado o comportamento de consumo no Brasil, é possível verificar que o país tem apresentado aumento gradual da demanda por alimentos associados a boas práticas —embora ainda em patamares inferiores ao observado em outros lugares do mundo.

 

De acordo com dados da consultoria Euromonitor, o país consumiu 376 mil toneladas de alimentos frescos orgânicos em 2017, volume bem abaixo dos 3 milhões de toneladas registrados nos Estados Unidos ou das 747 mil toneladas consumidas pelo México.

 

Os dados indicam crescimento tímido em relação a 2012, quando o consumo brasileiro foi de 337 mil toneladas de alimentos frescos orgânicos. Com isso, o país caiu de 8º maior consumidor mundial de orgânicos em 2012 para 10º maior no ano passado, enquanto o México avançou do 17º lugar para o 4º lugar.

 

Uma das razões apontadas para o lento crescimento do setor de orgânicos no país é a demora de um marco legal.

 

“Na Europa e nos EUA, a cultura e o consumo de orgânicos começaram muito antes e com uma legislação definida. Aqui no Brasil, eu posso dizer que existe um grande crescimento, mas que ainda é pouco perceptível”, afirma Marcio Milan, superintendente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).

 

Ele lembra que foi apenas em 2016 que o país definiu legalmente uma política de cultivo e comercialização de orgânicos. “Antes, tínhamos muita limitação de matéria-prima orgânica.”

Entre os sinais de expansão do consumo observados nas cadeias de varejo, Milan destaca medidas como a maior exposição desses produtos nas gôndolas e a realização de promoções em dias da semana.

 

“O crescimento é grande, mas a nossa base ainda é pequena”, reconhece o superintendente da Abras.

Em relação a alimentos e bebidas industrializados, o Brasil ocupa o 11º lugar no ranking elaborado pela consultoria Euromonitor de maiores consumidores mundiais de orgânicos, com um volume financeiro movimentado de US$ 86,6 milhões no ano passado —crescimento de 88% na comparação com 2012.

 

Fonte: Folha de S.Paulo