Gestão Covas admite desconhecer real condição de pontes e viadutos de SP

05/12/2018

A Prefeitura de São Paulo admite desconhecer a real condição de uso das 185 pontes e viadutos da cidade e, por isso, definiu como urgente a realização de inspeção detalhada dessas estruturas. 

 

O relato da gestão Bruno Covas (PSDB) foi registrado em ofício direcionado ao TCM (Tribunal de Contas do Município) para embasar o pedido de contratação emergencial de empresa (sem licitação) para realizar laudos detalhados das construções viárias. 

 

O pedido ocorre após, em 15 de novembro, um viaduto ter cedido e interrompido o trânsito na pista expressa da marginal Pinheiros, próximo à ponte Jaguaré, na zona oeste.

 

A prefeitura ​ainda não sabe dizer qual obra será necessária para a sustentação completa do viaduto.

 

Um trecho de 2,6 km da pista expressa segue interditado ao tráfego e sem previsão de liberação --desde a ruptura, foram liberados 13,3 km na marginal, sendo 2,1 km na segunda-feira (3).

 

No documento protocolado no último dia 22, o chefe de gabinete da secretaria de ​Obras, Gláucio Penna, chamou atenção para "a existência de risco a segurança de pessoas e obras, bem como da situação emergencial e cautela que o caso requer". 

 

Ele ressalta que a maioria das pontes e viadutos da cidade tem mais de 30 anos e tem sido submetida ao longo das décadas só a vistorias visuais.

 

Essa modalidade de inspeção é considerada insuficiente e "permite apenas a visualização superficial dos danos existentes na obra, não sendo possível algumas vezes identificar com clareza o seu real estado de conservação", de acordo com o documento.

 

A Secretaria de Obras citou como exemplo de falha na vistoria visual os casos do pontilhão sobre o rio Tamanduateí (centro), pontilhão sobre o córrego Maria Paula, no Tucuruvi (zona norte), e pontilhão na rua Dom Bernardo Nogueira, na Saúde (zona sul).

 

Eles chegaram a ser bem avaliados em inspeções a distância, mas tiveram problemas e necessitaram de obras emergenciais, feitas na gestão Fernando Haddad (PT).

 

De acordo com a pasta, a vistoria visual é a primeira etapa do processo de monitoramento de pontes e viadutos que será estendido a todas as 185 estruturas viárias da cidade.

 

Na última sexta-feira (30), o secretário municipal de Obras, Vitor Aly, afirmou que todas as vistorias já realizadas em pontes e viadutos foram apenas visuais. Nunca houve, portanto, o aprofundamento de análise recomendado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

 

Segundo a associação, pontes, viadutos e passarelas têm que passar pela chamada vistoria especial ao menos uma vez a cada cinco anos.

 

Essa modalidade de fiscalização inclui equipamentos que permitam aos técnicos se aproximar da estrutura, como escadas telescópicas, andaimes e guindastes. A vistoria visual, adotada pela prefeitura, faz só análise a distância.

 

Fonte: Folha de S.Paulo