Na última reunião do ano, Copom deve manter juro básico em 6,5% ao ano

12/12/2018

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fará nesta quarta-feira (12) a última reunião do ano. A expectativa do mercado financeiro é que a taxa básica de juros da economia, a Selic, seja mantida em 6,5% ao ano.

 

Se a previsão do mercado se confirmar, esta será a sexta manutenção seguida da taxa, que está no menor nível desde 1986, quando começa a série histórica do Banco Central.

 

A decisão do Copom deve ser anunciada após as 18h desta quarta-feira.

 

Com a inflação sob controle, a expectativa das instituições financeiras é que a taxa de juros começará a ser elevada pelo Copom somente em setembro do ano que vem – quando deve subir para 7% ao ano.

 

Até o início de novembro deste ano, a previsão era que os juros começassem a subir em maio de 2019.

 

Para o fim do próximo ano, a expectativa dos economistas do mercado financeiro é que a taxa Selic fique em 7,5% ao ano.

 

Como a decisão é tomada

A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento da meta de inflação, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2018, a meta de inflação é de 4,5% e, para 2019, 4,25%.

 

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros; quando estão acima da trajtetória esperada, a taxa Selic é elevada.

 

Neste ano, a inflação segue relativamente sob controle, tendo registrado deflação (queda de preços) em novembro, e a expectativa é que assim permaneça também em 2019.

 

A previsão dos economistas das instituições financeiras para a inflação de 2018 está em 3,71% e, para o ano que vem, em 4,07%, ou seja, ainda em linha com as metas de inflação.

 

Juros bancários elevados

Embora os juros básicos estejam no menor patamar da série histórica do Banco Central, as taxas cobradas pelas instituições financeiras ainda seguem em patamares elevados.

 

Reduzir os juros bancários é um dos desafios apontados por economistas para o próximo governo.

 

Dados oficiais mostram que, em outubro, os juros bancários médios nas operações com pessoas físicas somaram para 51,9% ao ano, enquanto a taxa das empresas totalizou 20,4% ao ano.

 

Em algumas modalidades, como no cheque especial e no cartão de crédito rotativo, os juros ficaram ao redor de 300% ao ano – patamar elevado para padrões internacionais.

 

As altas taxas de juros, atualmente cobradas pelos bancos, inibem o consumo e também os investimentos na economia brasileira, avaliam analistas.

 

Dados do BC mostram que os quatro maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2017, 78% de todas as operações de crédito feitas por instituições financeiras no país.

 

Rendimento da poupança

Se confirmada a nova manutenção dos juros nesta quarta-feira, o rendimento da poupança também deverá permanecer o mesmo.

 

Pela regra atual, em vigor desde 2012, os rendimentos da poupança estão atrelados aos juros básicos sempre que a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano.

 

Nessa situação, a correção anual das cadernetas fica limitada a um percentual equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo BC. A norma vale apenas para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012.

 

A medida visa evitar que a poupança fique mais atrativa que os demais investimentos, cujos rendimentos caem junto com a Selic. Sem o redutor, a poupança passaria a atrair recursos de grandes poupadores, que deixariam de comprar títulos públicos.

 

Se o juro básico da economia continuar em 6,50% ao ano, a correção da poupança permanecerá sendo de 70% desse valor - o equivalente a 4,55% ao ano, mais Taxa Referencial.

 

Segundo cálculos da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a poupança continuará sendo uma "excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano".

 

Analistas avaliam que o Tesouro Direto, programa que permite a pessoas físicas comprar títulos públicos pela internet, via banco ou corretora, sem necessidade de aplicar em um fundo de investimentos, também pode ser uma boa opção para os investidores. O programa tem atraído o interesse de aplicadores nos últimos anos.

 

Fonte: G1