Vendas reais em supermercados crescem 2,07% em 2018, abaixo do projetado

06/02/2019


O desempenho do ano ficou aquém da expectativa do setor, que era de crescimento real de 2,53%. Essa projeção já havia sido revisada para baixo em julho do ano passado. Em janeiro, a expectativa era de crescimento de 3%

 

A Abras considerou que o ano de 2018 frustrou as expectativas em razão de eventos inesperados, como a greve dos caminhoneiros no primeiro semestre. A entidade considerou ainda que as incertezas durante o período eleitoral afetaram a confiança dos consumidores.

 

Para 2019, no entanto, a Abras traça uma perspectiva otimista. A projeção da entidade é de crescimento real de 3% nas vendas ante 2018. A Abras destaca que a melhoria pode ser impulsionada por medidas econômicas que a entidade espera que sejam promovidas pelo governo, tais como simplificação tributária e controle de gastos.

 

No mês de dezembro, o crescimento real de vendas foi de 3,93% na comparação com igual período de 2017. Já ante novembro, a alta foi de 21,13%. 

 

Atacarejo cresce 12,8%; hipermercado cai 6,4% em 2018

O setor de varejo de alimentos viu diminuir em 6,4% a quantidade de mercadorias vendidas em lojas no formato hipermercado em 2018 ao mesmo tempo em que o "atacarejo" cresceu 12,8%, de acordo com dados da Nielsen. A empresa mede o número de itens vendidos em categorias de produto como alimentos, higiene e limpeza em vários tipos de loja.

 

Embora o setor de supermercados como um todo tenha comemorado um crescimento de receita em 2018, os números da Nielsen sinalizam que a distribuição das vendas foi bastante diferente entre os diversos tipos de loja.

O formato de "atacarejo" segue ganhando espaço. Essas lojas que conquistaram a preferência dos consumidores no ápice da crise econômica são as que mais crescem em volume de vendas, de acordo com a Nielsen.

 

Pela frente, apesar da melhora na confiança dos consumidores e da esperada retomada econômica, a Nielsen ainda acredita em crescimento do "atacarejo". "Ainda vemos uma continuidade dos planos das empresas de abertura de novas lojas de atacarejo", comenta o gerente da Nielsen, Daniel Souza. Ele acrescenta que o comportamento que os consumidores adquiriram durante a crise tende a se manter.

 

Por outro lado, a expectativa é que outros formatos de loja que têm maior apelo para a conveniência ganhem espaço. As redes de vizinhança ainda caíram em vendas em 2018, com recuo de 2% no volume conforme a Nielsen. A expectativa de Souza é que esse formato acelere com uma melhora na disponibilidade de renda das famílias.

 

Para o presidente da Abras, João Sanzovo Neto, as companhias do setor vem renovando seus formatos de loja continuamente, ajustando-os às preferências dos consumidores. Ele considera que até mesmo os hipermercados – o tipo de loja que mais perdeu fatia de mercado para o "atacarejo" – tem espaço para se recuperar no País com a melhora da economia.

 

"Já vemos empresas atualizando os hipermercados, reduzindo os espaços de venda e transformando a área excedente para uso em outros negócios", comentou. Ele ainda considera que, com o tempo, o crescimento do "atacarejo" tende a se estabilizar. 

 

Fonte: Estadão