Após protestos, Amazon desiste de nova sede em NY, que criaria 25 mil empregos

15/02/2019


A Amazon vai abandonar seus planos para construir uma segunda sede em Nova York, depois de enfrentar séria resistência de políticos locais que era contra conceder a uma das empresas mais valiosas do mundo bilhões de dólares em incentivos fiscais.

 

“Embora as pesquisas de opinião pública demonstrem que 70% dos nova-iorquinos apoiam os nossos planos e investimento, diversos políticos estaduais e locais deixaram claro que se opõem à nossa presença e que não trabalharão conosco para construir o tipo de relacionamento necessário para que levemos adiante o projeto que nós e muitos outros planejávamos em Long Island City”, informou a empresa nesta quinta (14).

 

A Amazon dedicou um ano a conduzir uma pesquisa pública quanto ao local de sua segunda sede, e centenas de cidades disputaram a oportunidade de receber os 50 mil empregos e US$ 5 bilhões (R$ 18,6 bilhões) em investimento prometidos. 

 

Em novembro, a empresa decidiu que dividiria a segunda sede entre a Virgínia e a cidade de Nova York, em parte para garantir acesso a talentos tecnológicos em número suficiente.

 

A companhia anunciou que não reabrirá o processo de seleção da segunda sede. Ela pretende continuar a criar postos de trabalho em sua nova unidade no norte da Virgínia, bem como em seus escritórios em Nashville e em outros polos de tecnologia espalhados pelos EUA.

 

A companhia vinha enfrentando críticas de algumas autoridades locais em Nova York, que questionavam a concessão de US$ 3 bilhões (R$ 11,3 bilhões) em incentivos fiscais municipais e estaduais ao projeto.

 

Começaram a surgir fissuras no processo na semana passada, quando executivos da Amazon decidiram rediscutir o campus planejado para Nova York. Discussões com a Amazon levaram alguns representantes do governo a se preocupar com a possibilidade de que a companhia decidisse abandonar seu plano de criar 25 mil empregos e investir US$ 2,5 bilhões (R$ 9,32 bilhões) no bairro de Long Island City.

 

Causa de especial preocupação para alguns executivos da Amazon foi a indicação do senador estadual Mike Gianaris, de Nova York, oponente declarado do acordo, para um posto em um conselho estadual no qual ele teria poder para vetar o plano de desenvolvimento, disseram pessoas informadas sobre o assunto.

 

A indicação de Gianaris para o posto precisa da aprovação do governador Andrew Cuomo.

“Uau”, disse Gianaris, logo que surgiu a notícia.

 

O governador Cuomo e o prefeito de Nova York, Bill Blasio, democratas como Gianaris e adversários frequentes em questões políticas, comandaram o esforço para atrair a Amazon, e continuam a apoiar o projeto.

 

Mas políticos locais questionaram todos os aspectos da ideia, do seu impacto sobre os transportes ao aumento dos custos da habitação na região, assim como a oposição da Amazon à sindicalização de seus trabalhadores.

 

“A Amazon se recusa a mudar e aceitar os valores de Nova York”, disse o vereador Jimmy Van Bramer, oponente declarado do plano, na quinta-feira (7).

 

Membros do Legislativo municipal de Nova York solicitaram depoimentos de dirigentes da Apple sobre a proposta; a próxima audiência estava marcada para 27 de fevereiro. Centenas de pessoas compareceram à primeira audiência, que em determinados momentos teve lemas de protesto gritados pelos espectadores e diálogos acalorados entre representantes da Amazon e alguns vereadores.

 

A deputada estadual Catherine Nolan, democrata que representa o distrito de Queens que teria abrigado a nova sede, disse que um executivo da Amazon a havia informado pouco antes do meio-dia de que a empresa abandonaria o projeto.

 

“Eles acabam de decidir que deixarão a ideia de lado”, disse Nolan. “Foram devorados vivos, e isso é uma vergonha.”

 

Algumas representantes da Amazon ficaram surpresos com a oposição, disseram pessoas informadas sobre o assunto. A companhia havia buscado especificamente um local que a recebesse bem, durante o processo.

 

Enquanto isso, o governador da Virgínia assinou na semana passada a lei que aprova o plano estadual de incentivo à Amazon. O campus planejado pela companhia para o bairro de Crystal City, em Arlington, Virgínia, encontrou pouca resistência.

 

Fonte: Folha de S.Paulo