Distribuidoras antecipam indenização e conta de luz terá alívio em 2019 e 2020

21/03/2019


A conta de luz terá um alívio de 4,9 pontos percentuais na conta de luz em 2019 e 2020 devido à antecipação do pagamento de uma dívida bilionária que vinha sendo paga pelos consumidores de energia desde 2015. 

 

Por mês, a população pagava, por meio da tarifa de energia, cerca de R$ 700 milhões. Ainda restavam R$ 8,4 bilhões a serem quitados até 2020. Com o acordo, o acerto será feito até setembro deste ano. 

 

O efeito no preço da energia virá por meio dos reajustes anuais realizados pelas distribuidoras. Neste ano, haverá um alívio de 3,7 pontos percentuais --ou seja, se o reajuste era de 10%, passará a ser de 6,3%. Em 2020, o impacto será uma redução de 1,2 pontos percentual. 

 

Após dois anos de reajustes altos da conta de luz, em 2017 e 2018, o mercado já previa que neste ano os aumentos fossem mais brancos, como a Folha já havia noticiado no fim do ano passado.

 

Cálculos da TR Soluções (empresa especializada em tarifas de energia) apontam que, em 2019, o preço ficará praticamente estável —sem contabilizar o acionamento das bandeiras tarifárias. 

 

Seis distribuidoras que já tiveram reajustes aprovados pela agência reguladora desde o fim do ano passado terão revisões extraordinárias para aplicar o alívio: a Cepisa (Piauí), Ceron (Rondônia), Eletroacre, Energisa Borborema, e as duas distribuidoras fluminenses, a Light e a Enel Rio. 

 

A dívida bilionária foi contraída em 2014. À época, mudanças regulatórias e decisões do então governo de Dilma Rousseff (PT) fizeram com que as companhias ficassem descontratadas, ou seja, com poucas usinas geradoras à sua disposição.

 

A solução foi comprar energia no chamado mercado de curto prazo —em que os preços variam mês a mês e, naqueles anos, estavam extremamente altos por causa da seca.

 

O resultado foi uma conta R$ 21,75 bilhões para as distribuidoras (em valores da época) e, consequentemente, para a conta de luz.

 

O acordo com oito bancos firmado pela Aneel permitiu a antecipação dos R$ 8,4 bilhões que restavam da dívida. Para isso, houve uma cobrança de uma taxa equivalente a R$ 140 milhões —valor menor do que os juros que seriam aplicados caso as parcelas não fossem antecipadas. 

 

"Foi um esforço imenso. As conversas iniciaram em novembro e só agora avançamos para um acordo", afirmou o diretor-geral da agência, André Pepitone.

 

Entre os bancos, haviam instituições públicas (Caixa, Banco do Brasil, BNDES e Banrisul) e privadas (Bradesco, Itaú,  Santander e Citibank).  

 

Fonte: Folha de S.Paulo