Em São Paulo, hospitais infantis se preparam para lotação em época de gripe

10/04/2019

Os pronto-socorros infantis dos principais hospitais de São Paulo deram início a uma operação especial para enfrentarem as lotações típicas desta época do ano em decorrência de doenças respiratórias. As medidas vão de ampliação de equipes de atendimento até distribuição de máscaras.

 

Nesta quarta (10) começa a campanha de vacinação contra a gripe, adiantada em duas semanas em relação ao ano passado. Na primeira fase, irão receber a imunização gestantes, mulheres que deram à luz há até 45 dias e crianças de 6 meses até 5 anos de idade.

 

A partir de 22 de abril, idosos, profissionais de saúde, pessoas com doenças crônicas e outros grupos passam a ser o público-alvo.

 

O movimento nos pronto-atendimentos de São Paulo já é maior desde meados de março, sendo que em alguns, como no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, na Bela Vista (centro), a procura cresceu 50% em relação à mesma época do ano passado.

 

"É um período de dificuldade para todos os hospitais e é preciso reforçar equipes. Temos, normalmente, três pediatras para atender 24 horas, mas, nesta época, passamos para quatro. O quadro de enfermagem também é reforçado, mas, mesmo assim, é sofrido", afirma o médico Antonio Carlos Madeira, diretor do Menino Jesus.

 

Além da ampliação de equipes, hospitais estão adotando medidas como distribuição de máscaras e álcool gel aos frequentadores para evitar ampliação de contágios, aumento dos leitos dentro do próprio pronto-socorro, criação de espaço reservado para atendimento do fluxo de pacientes com H1N1 e influenza.

 

No Sabará, na região central, exclusivamente infantil, o supervisor médico do pronto-socorro, Thales Oliveira, diz que, nesta época, profissionais de nutrição e fisioterapia passam a atuar na seção.

 

"Os leitos também passam a ser equipados para uso mais prolongado e para que possamos oferecer os primeiros cuidados intensivos aos pacientes. Realizamos diariamente reunião com lideranças das diversas áreas para avaliar a rotatividade de leitos e ações de melhoria continua focadas na qualidade do atendimento."

 

Os médicos alertam ainda que é necessário a colaboração da população para que se evite a procura de um serviço de urgência ou emergência sem que haja, de fato, uma situação de necessidade.

 

"É fundamental a família analisar o estado geral da criança. Se houver febre e ela reagir bem ao antitérmico, ficar animada, ativa, não tem cabimento procurar um pronto-socorro. Mas, se for uma uma febre persistente, por mais de três dias já é sinal de alerta", explica Madeira. Mas, se houver falta de ar, dor moderada ou intensa e uma queda nas condições gerais da criança, que fica amuada, pálida, justifica-se a procura do serviço de emergência, afirma.

 

Os profissionais dizem também que é fundamental, em casos de longas esperas, manter a calma e entender que a prioridade sempre será para os casos mais graves.

 

"A colaboração dos pais nessas situações [de lotação] é de extrema importância", afirma Francisco Lembo Neto, coordenador do Núcleo de Pediatria do Hospital Samaritano, na região central.

 

Para ele, "é fundamental que pais compreendam que as crianças mais graves serão atendidas primeiro e essas crianças, muitas vezes, exigem muito da equipe e aí os menos graves vão esperar mais para serem atendidos".

 

De acordo com Jorge Nahar, chefe do pronto-socorro do hospital São Luiz Itaim, na zona sul, em um serviço de emergência há risco de transmissão de doenças como catapora, caxumba, sarampo, além de influenza.

 

Fonte: Folha de S.Paulo