Censo 2022: o que os dados mostram sobre transporte e renda?
22/10/2025
Divulgado pelo IBGE, o Censo 2022 trouxe informações detalhadas sobre as condições de trabalho no país e os desafios enfrentados por mulheres, pessoas negras e indígenas.
Renda e oportunidades no mercado de trabalho
Mais de um terço dos trabalhadores (35,3%) recebia até um salário mínimo, enquanto apenas 7,6% tinham rendimentos superiores a cinco salários mínimos. A faixa de renda mais alta, acima de R$ 24 mil, concentrava-se em 0,7% da população ocupada.
Os maiores ganhos estavam entre homens, pessoas brancas e amarelas, e moradores das regiões Centro-Sul. Já os menores valores médios de remuneração foram registrados entre indígenas (R$ 1.653) e pessoas pretas (R$ 2.061).
Mesmo com escolaridade equivalente, as mulheres recebiam cerca de 20% menos que os homens. Geralmente, uma profissional com diploma recebia cerca de R$ 4.591, enquanto um profissional recebia mais de R$ 7 mil nas mesmas condições. Elas também representavam 93% da força de trabalho doméstica e predominavam em funções administrativas, de apoio e vendas..
Deslocamento e mobilidade urbana
O trajeto diário entre casa e trabalho consome tempo, energia e recursos financeiros. Mais de 8 milhões de brasileiros gastavam mais de uma hora para chegar ao emprego, especialmente homens e trabalhadores de baixa renda em grandes cidades. Em São Paulo, 24,5% dos trabalhadores levavam até duas horas para se deslocar, mais que o dobro da média nacional, que é de 10,5%.
Os meios mais utilizados eram automóvel (32,3%), ônibus (21,4%), caminhada (17,8%) e motocicleta (16,4%), representando quase 88% dos deslocamentos. Metrô e trem, apesar da superlotação, atendiam menos de 2% dos trabalhadores.
A cor influencia no acesso aos meios de transporte: 42,9% dos trabalhadores brancos utilizavam automóvel, contra 21% da população preta. Esses dados mostram que o deslocamento não afeta todos de forma igual, refletindo desigualdades estruturais que impactam oportunidades e qualidade de vida.
Políticas públicas, papel dos empregadores e sindicatos
Esses números reforçam a importância de políticas públicas e iniciativas dos empregadores que promovam a mobilidade eficiente, equidade salarial e valorização do trabalho.
Os sindicatos desempenham papel estratégico na negociação coletiva, na defesa de jornadas equilibradas e na promoção de direitos que contribuam para uma vida profissional mais digna.
Sabemos que a compreensão dos dados sobre a sociedade são a porta de entrada para a criação de ações efetivas para os trabalhadores e trabalhadoras.
O Sindicato dos Comerciários de São Paulo atua incansavelmente na valorização dos trabalhadores e trabalhadoras do comércio, um setor essencial para a economia nacional. Historicamente marcado pela prática da escala 6x1, que exige seis dias de trabalho seguidos de apenas um dia de descanso, o segmento enfrenta desafios para atrair e reter jovens profissionais, tornando a atuação sindical ainda mais necessária.
Segundo Ricardo Patah, presidente do sindicato, os trabalhadores e trabalhadoras deste setor são verdadeiros servidores públicos, prestando serviços fundamentais à sociedade, mas sem a segurança de um emprego estável. Por isso, o Sindicato dos Comerciários de SP mantém uma atuação permanente, buscando melhores condições de trabalho, jornadas compatíveis e o reconhecimento da importância destes profissionais.
Além de negociar convenções coletivas e fiscalizar o cumprimento da legislação, a entidade desenvolve ações de conscientização e valorização, garantindo que os direitos conquistados historicamente não sejam perdidos e promovendo um ambiente de trabalho digno, justo e motivador. O compromisso do sindicato é proteger e fortalecer o setor, tornando-o mais atrativo e sustentável para todas as gerações.

