Precisamos avançar na geração de emprego para melhor distribuição de renda

Ricardo Patah

Presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores - UGT


24/07/2018

O mutirão do emprego promovido pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo, no dia 16 de julho, foi uma ação que tinha duas funções principais, primeiramente contribuir para que a fila do desemprego diminua e a segunda, para mostrar a importância do movimento sindical forte, combativo e parceiro da classe trabalhadora e da sociedade como um todo.

 

Porém, o que vimos foi muito mais do que imaginávamos. O Vale do Anhangabaú foi tomado por um mar de gente que compareceu a sede do Sindicato na esperança de preencher uma das 1800 vagas de emprego que as empresas do comércio haviam disponibilizado.

 

É impossível ignorar esse fato, pois o número de pessoas que passaram por essa fila girou em torno de 10 mil e ali encontramos todo o tipo de situação. Tinha gente que havia dormido na frente do Sindicato, havia mulheres com crianças, centenas de adolescentes a procura do primeiro emprego, pais e mães de família desempregados há mais de cinco anos, além de muitas outras histórias que mostram o quanto precisamos avançar em relação a geração de emprego e melhor distribuição de renda.

 

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), no Brasil são 13,4 milhões de desempregados, só em São Paulo são 2,5 milhões e, apesar da satisfação em poder ajudar a população a conseguir emprego, fiquei muito preocupado em ver a quantidade de pessoas que podem até estar passando necessidades.

É impossível não culpar o governo por toda essa situação, pois a crise que eles próprios construíram e a inércia em sua atuação são as principais responsáveis por esses trabalhadores desempregados.

 

Quando vendem para os trabalhadores e trabalhadoras falsas informações sobre os sindicatos, dizem que sindicalistas não contribuem para melhorar a situação do trabalhador e que têm inúmeras desavenças com os patrões. Na verdade, essa ação mostra justamente o contrário, pois apesar de que na mesa de negociação cada um ter a sua ótica, o que existe entre nós é uma relação de respeito, pois sem o empregador, não existiria o empregado e vice-versa.

 

Diante da dimensão que esta ação desenvolvida pelo Sindicato tomou, nos vimos obrigados a distribuir senhas e dividir os atendimentos em cinco dias, as empresas que disponibilizaram inicialmente 1800 vagas, aumentaram essas ofertas de trabalho para atender o maior número possível de pessoas.

 

Este mutirão, que inicialmente tinha o objetivo de ser realizado uma única vez, a partir de agora será realizado periodicamente pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo que, em parceria com as empresas do comércio, divulgará as vagas disponíveis no mercado de trabalho para amenizar esse contingente de desempregados.