Após queda de 18%, Cielo afirma que espera crescimento de até 10% em 2019

01/08/2018


O lucro da Cielo caiu 17,8% no segundo trimestre do ano, segundo dados divulgados pela empresa.  O valor ajustado do período somou R$ 817,5 milhões.

 

Os resultados divulgados nesta segunda-feira (30) impactaram as ações da empresa nesta terça.  Às 15h27, a ação da Cielo desabava 7,86%, enquanto o Ibovespa, tinha baixa de 1,21%.

 

Também houve uma piora nas expectativas de analistas para a companhia. O Safra reduziu a recomendação do papel da Cielo para 'neutra' ante 'outperform'. 

 

A Brasil Plural cortou a recomendação para 'underweight'. O BTG Pactual manteve recomendação neutra, mas alertou para "desafios" à frente.

 

O BB Investimentos cortou o preço-alvo da ação ao fim deste ano de 25 para 17 reais, enquanto o Credit Suisse reduziu o preço-alvo de R$ 20 para R$17.

 

De acordo com o balanço da Cieleo, o volume de transações de contas pagas por meio dos terminais da Cielo no trimestre foi 5,9% menor do que o mesmo período do ano passado, movimento puxado pelo recuo nas operações com cartão de débito.

 

Além de lidar com a lenta recuperação da economia doméstica, a Cielo também enfrentou os efeitos da greve dos caminhoneiros, em maio, que impactaram "negativamente os números", embora a empresa não tenha detalhado o impacto. Também houve um aumento na concorrência no mercado de meios de pagamentos.

 

A base de terminais de pagamentos da empresa caiu de 1,77 milhão para 1,6 milhão em 12 meses encerrados em junho.

 

"O nível de lucro da Cielo no segundo trimestre foi um piso, mas a retomada no curto prazo ainda é desafiadora", disse Victor Schabbel, diretor de relações com investidores da companhia.

 

Schabbel afirmou esperar que o lucro da companhia a partir de 2019 cresça ao redor de 5% a 10% no comparativo anual.

 

Clovis Poggetti, vice-presidente executivo de finanças e diretor de relações com investidores da companhia, disse que a margem de lucro pode começar a melhorar a partir do quarto trimestre, após fim do "rescaldo" das mudanças criadas com a entrada em vigor do sistema de multivan no mercado de pagamentos.

 

A queda não foi maior devido ao início da venda de terminais Stelo, para microempreendedores. O movimento reflete em parte o esforço da Cielo de se concentrar em clientes maiores, limpando da base clientes que movimentam menos e dão pouca receita.

 

Além da queda na captura de transações, a Cielo teve no segundo trimestre uma queda anual de 29,4% na aquisição de recebíveis, para R$ 405,2 milhões. Isso porque grandes clientes demandam menos antecipação de recursos.

 

Além da queda na receita, as despesas operacional subiram 14,2%, para R$ 428,3 milhões, com um salto de 105,5% nos gastos com vendas e marketing.

 

TROCA NO COMANDO

Os números chegam poucos dias após o diretor-presidente da Cielo, Eduardo Gouveia, ter surpreendido o mercado ao anunciar a renúncia ao cargo no último dia 13, após um ano e meio no comando da companhia, alegando questões familiares.

 

Clovis Poggetti Junior, vice-presidente de finanças e de relações com investidores, acumula o cargo interinamente.

 

A saída se deu num momento de forte pressão sobre a Cielo, diante da multiplicação de rivais no mercado de meios eletrônicos de pagamentos e de ações regulatórias do Banco Central destinadas também a ampliar a concorrência.

 

Apesar da pressão concorrencial, a Cielo afirmou em seu relatório de resultados que a saída de Gouveia "em nada muda os passos a serem dados pela companhia" e que "trabalha para sustentar a sua liderança".

 

Pogetti Junior afirmou à Reuters  que a empresa já vendeu 100 mil unidades dos terminais da Stelo, o que já ajudou a base total de equipamentos da empresa a subir entre abril e junho, a primeira alta em 10 trimestres.

 

O executivo revelou ainda que a partir de agosto a Cielo passará a vender cartões pré-pagos para atender comerciantes de pequeno porte e microempreendedores.

 

"Com isso vamos atender principalmente clientes que não têm conta bancária", disse o executivo.

 

Segundo ele, o mercado de meios de pagamentos segue sofrendo os efeitos da elevada 'mortalidade de clientes', pequenos lojistas que fecham as portas, especialmente devido ao cenário ainda adverso da economia.

 

Fonte: Folha de S.Paulo