As empresas de tecnologia te escutam para vender publicidade? É mais provável que elas nem precisem

15/10/2019


Quem nunca se deparou com uma publicidade no Instagram ou no Facebook sobre algo que tinha acabado de conversar com alguém? Às vezes, a coincidência é tão grande que tem gente que diz que pensou em algo e apareceu uma propaganda daquilo.

 

Depois que GoogleAppleFacebook Microsoft foram pegos, recentemente, usando funcionários contratados para transcrever áudios de usuários, para muita gente essa foi a confirmação de uma teoria antiga: as gigantes de tecnologia estariam, secretamente, nos escutando para vender publicidade direcionada.

A resposta oficial, no entanto, é que elas não nos escutam sem permissão, segundo porta-vozes de Google e Facebook, as gigantes que dominam o segmento de marketing digital.

 

“Não fazemos isso. É fascinante que esse mito persista. Recebo essa pergunta o tempo todo", disse Steve Satterfield, vice-presidente de privacidade do Facebook, que esteve no Brasil no começo do mês e conversou com o G1 sobre a possibilidade de "espionagem" para favorecer algoritmos de publicidade.

 

Sobre os áudios gravados e transcritos, Facebook e Google dizem que o objetivo era melhorar o funcionamento de inteligências artificiais e aprendizado de máquina. E que as gravações só aconteciam se o usuário optasse por participar de programas de transcrição.

 

Mesmo assim, após pressão de autoridades e de consumidores, elas decidiram suspender a prática. Em breve, ela deve ser retomada pelo Google.

Dá pra acreditar na resposta oficial das companhias? Alguns testes tentaram "flagrar" uma suposta espionagem via áudio, sem sucesso (leia mais ao fim da reportagem).

Porém, a credibilidade das gigantes de tecnologia tem sido questionada por causa da pouca transparência em relação ao que fazem com o imenso volume de dados que circulam em seus sistemas. E esses dados podem ser a resposta para entender como elas conseguem ser tão eficazes na propaganda direcionada.

 

Elas precisam ouvir?

Ex-funcionários já negaram publicamente que as empresas estariam nos escutando em segundo plano (quando o microfone não está sendo usado). Justamente porque as companhias têm à disposição uma grande quantidade de dados para usar em publicidade.

 

Segundo Google e Facebook, é esse tipo de dado on-line — e não nossas conversas — que serve para fazer direcionamento de propaganda.

Essas gigantes já sabem qual celular usamos, a conexão que temos, onde vamos, o endereço de IP ao qual estamos conectados, etc. As empresas conhecem quem são nossos amigos mais próximos, com quem conversamos todos os dias, nossos gostos, quem está conectado na mesma rede Wi-Fi.

 

Este, aliás, é o negócio principal dessas empresas. Embora façam diversos produtos, é com publicidade que elas ganham dinheiro. E não é pouco. Em 2018, o Google faturou US$ 116,3 bilhões com a venda de propaganda direcionada; o Facebook fez US$ 55 bilhões.

 

Fonte: G1