A cada 3 brasileiros, 2 acham que desemprego vai aumentar, diz pesquisa

17/11/2020


A pandemia aumentou o pessimismo do brasileiro em relação à economia do país e elevou o temor em relação ao mercado de trabalho. Hoje, 2 em cada 3 brasileiros têm expectativa de aumento do desemprego para os próximos meses.

Os dados são da pesquisa “Perspectivas 2020: Expectativa dos Brasileiros com o Cenário Político & Social”, realizada pela Acrefi (Associação nacional das instituições de crédito, financiamento e investimento) e pela Kantar. Segundo o levantamento, 67% dos entrevistados afirmam temer uma alta do desemprego. Em outubro de 2019, esse percentual era de 55%.

A pesquisa ouviu 2.000 pessoas das classes A, B, C e D em todo o país entre os dias 2 e 16 de outubro pela internet.

De acordo com o estudo, apenas 18% dos brasileiros afirmam estar tranquilos em relação ao atual emprego ou fonte de renda. Para 59%, o cenário é de atenção ou preocupação, enquanto 23% afirmam estar desempregados.

Segundo o IBGE, a taxa de desemprego chegou a 14,4% no trimestre encerrado em agosto. O IBGE só considera desempregados aqueles que procuraram emprego no período do levantamento. Se uma pessoa está sem trabalho, mas não procurou uma vaga por receio da Covid-19, por exemplo, não é computado como desempregado.

O resultado da Acrefi-Kantar está em linha com o que alguns analistas avaliam, considerando como desempregados também aqueles que não procuraram uma vaga, mas que gostariam de trabalhar.

pessimismo com a economia também aumentou, segundo a pesquisa. O percentual de entrevistados que consideram a situação econômica do Brasil boa hoje caiu de 14%, em outubro de 2019, para 9%, enquanto a fatia dos que consideram a situação péssima aumentou de 15% para 19%. Outros 32% consideram a situação ruim (contra 31% no ano passado), e 37%, regular (contra 38%). O percentual dos que dizem que a situação é ótima caiu de 3% para 2%.

Para um terço dos entrevistados, o crescimento do país vai piorar, contra 32% que acham que vai melhorar. É a primeira vez desde 2017 que há mais pessimistas que otimistas nesse critério. Eram 30% e 43% há um ano, respectivamente.

MUDANÇA DE HÁBITOS

A incerteza em relação ao emprego e o cenário predominantemente pessimista em relação à economia têm levado brasileiros a reverem hábitos de consumo. A despesa com turismo foi a mais impactada. O percentual de pessoas que relataram ter gasto com viagens nos últimos seis meses caiu de 33% para 13% em um ano.

Os gastos com lazer caíram 81% entre 2019 e 2020, segundo o levantamento, e os com transporte, 67%. Os gastos com vestuário também despencaram na comparação com a pesquisa anterior (queda de 63%).

Na outra ponta, a pesquisa identificou que cresceram os gastos com alimentação (47%) e saúde (29%).

Fonte: Folha de S.Paulo